O indie pop íntimo e indomável de Rachel Chinouriri
Com um début aclamado, um EP apaixonado e estilo marcante, a artista britânica vem ao Brasil pela primeira vez em outubro.
Com um début aclamado, um EP apaixonado e estilo marcante, a artista britânica vem ao Brasil pela primeira vez em outubro.
O indie pop íntimo e indomável de Rachel Chinouriri
Com um début aclamado, um EP apaixonado e estilo marcante, a artista britânica vem ao Brasil pela primeira vez em outubro.
Com um début aclamado, um EP apaixonado e estilo marcante, a artista britânica vem ao Brasil pela primeira vez em outubro.
Após conquistar espaço no indie pop britânico com um álbum de estreia arrebatador e uma presença magnética nas redes, Rachel Chinouriri confirmou sua primeira apresentação no Brasil: um show único em São Paulo, no Cine Joia, dia 1º de outubro. A cantora de 26 anos, que mistura indie rock, R&B e pop com letras confessionais e estética Y2K repaginada, se tornou uma das vozes mais autênticas da nova cena alternativa – e é sobre isso que falamos aqui.
Repórter de moda e cultura da FFW, Laura Budin mergulha no som e no estilo de Chinouriri: da vulnerabilidade brutal de ‘‘What a Devastating Turn of Events’’ ao romantismo pop de ‘‘Little House’’, passando pelo impacto das Bratz dolls em seus looks, além das referências que vão de Coldplay a Charli XCX. Se você ainda não conhece, chegou a hora. E se já é fã, bem-vindo ao intensivão.
Quem é Rachel Chinouriri?
Com uma voz suave e letras que soam como páginas de um diário, Rachel Chinouriri é um dos nomes mais promissores do indie pop britânico atual. Nascida em 1998, em Kingston-upon-Thames, e criada em Croydon por pais imigrantes do Zimbábue, ela cresceu ouvindo apenas música cristã dentro de casa – mas escapava para os sons de Coldplay, M.I.A. e Daughter quando os pais não estavam por perto.
Mas foi só em 2018, com o single ‘‘So My Darling’’, lançado no SoundCloud, que ela começou a chamar atenção. Desde então, Rachel tem traçado um caminho sólido e autoral cantando sobre temas como luto, racismo, ansiedade e relacionamentos tóxicos com uma doçura quase paradoxal.
Seu debut oficial veio em 2024 com o aclamado ‘‘What a Devastating Turn of Events’’, um disco honesto e emocionalmente catártico que conquistou espaço nas playlists e nos corações. Entre os destaques estão ‘‘All I Ever Asked’’, faixa que Sabrina Carpenter adotou como trilha para entrar no palco – e que acabou rendendo a Chinouriri um convite para abrir a turnê Short n’ Sweet no Reino Unido.
No TikTok, ela virou queridinha com seus versos melancólicos e refrões chicletes. No BRIT Awards 2025, foi indicada a duas categorias e recebeu flores de ninguém menos que Adele. E se tudo isso ainda não bastasse, ela também conquistou os brasileiros com declarações fofas em português e posts carinhosos.
Uma música para começar
Inspirada por nomes como Coldplay, Daughter, Arctic Monkeys e até Charli XCX, Rachel Chinouriri sabe como transformar experiências íntimas em música. A faixa ‘‘What a Devastating Turn of Events’’ narra a trajetória de uma jovem que se entrega a um amor encantado, apenas para ser abandonada, grávida, em um contexto social em que qualquer escolha feminina carrega peso, julgamento e consequências. Para entender a profundidade artística de Chinouriri, esse é o ponto de partida ideal. Depois, vale seguir ouvindo ‘‘I Hate Myself’’, ‘‘The Hills’’ e ‘‘Cold Call’’ para mergulhar ainda mais nesse universo sensível e brutalmente honesto que ela constrói.
Álbum para conhecer: What a Devastating Turn of Events
Em seu aguardado álbum de estreia, ‘‘What a Devastating Turn of Events’’, lançado em 2024, Rachel Chinouriri traduz o caos da vida adulta em faixas que flertam com o indie britânico dos anos 2000. Entre guitarras grunge, beats nostálgicos e letras confessionais, a artista expõe feridas antigas com a precisão de quem sabe exatamente onde dói – e como transformar isso em arte.
Mais do que um compilado de desilusões, o álbum é uma afirmação: de identidade, de autonomia e de sensibilidade. Rachel canta sobre traumas familiares, saúde mental e masculinidade tóxica com o mesmo cuidado com que escolhe os detalhes de sua produção – sampleando cliques de fitas cassete e construindo imagens líricas que remetem à vida nos conjuntos habitacionais do sul de Londres.
Com influências que vão de Lily Allen a Daughter, ela se destaca por sua perspectiva única como mulher negra na cena alternativa britânica, colocando temas como depressão, racismo e amor não correspondido sob uma lente pop, acessível, mas nunca superficial.
EP para conhecer: Little House
Se o álbum de estreia foi o grito de quem sobreviveu a um turbilhão emocional, ‘‘Little House’’ é o suspiro de alívio que vem depois. No EP de quatro faixas lançado em abril de 2025, Rachel troca o caos interno por um estado de enamoramento quase juvenil, sem perder a honestidade que a tornou reconhecida.
Aqui, ela canta sobre o amor com o mesmo detalhismo com que descrevia a dor – como em ‘‘Can We Talk About Isaac?’’, onde narra o início de um romance real (sim, Isaac existe!). Mesmo nos momentos mais açucarados, Chinouriri mantém sua assinatura: letras diarísticas, vocais que oscilam entre o vulnerável e o brincalhão, e uma entrega tão pessoal que beira ao oversharing – no melhor dos sentidos.
‘‘Little House’’ é curto, mas coeso, e vale ser escutado do início ao fim, como uma tarde de conversa íntima com alguém que acabou de se apaixonar e não consegue parar de sorrir. O projeto marca um ponto de virada em sua trajetória: não apenas como artista, mas como mulher que aprendeu a celebrar a leveza sem esquecer de onde veio.
Estilo & Moda
O estilo de Rachel Chinouriri é uma extensão direta de sua música: expressivo, nostálgico e cheio de personalidade. Inspirada pelas Bratz – ‘‘cutesy, mas também duronas’’, como ela mesma define -, suas produções misturam minissaias, brilhos, botas de plataforma e um toque de irreverência que remete tanto às suas irmãs adolescentes nos anos 2000 quanto a ícones do Y2K negro, como Kelis e Missy Elliott.