Em 9 de maio de 1975, uma pequena loja inaugurada na Rua Juan Flórez, em Coruña, no noroeste da Espanha, dava início a uma das maiores revoluções da história do varejo de moda. Criada por Amancio Ortega, a Zara – que nasceu Zorba – chegou ao mercado com a ideia de com a missão de aproximar as pessoas da moda através de coleções que traduzissem rapidamente as tendências das passarelas a preços acessíveis.

Antes da Zara, Ortega já havia acumulado mais de uma década de experiência no setor têxtil com a Confecciones GOA, empresa que fundou em 1963. Mas foi com a nova empresa que ele encontrou a fórmula para unir design, velocidade e desejo de consumo. A Zara começou com peças femininas acessíveis, fabricadas localmente, mas com inspiração nas grandes tendências internacionais.

O nascimento de uma filosofia

Desde o início, a Zara desafiou as regras do varejo tradicional. Em vez de ditar tendências, passou a ouvir os consumidores — uma filosofia centrada no cliente que moldou toda a estrutura do negócio. O modelo baseado em dados em tempo real e feedback direto das lojas ajudou a empresa a ajustar coleções em ritmo acelerado. Hoje, mais de 300 designers e especialistas em produto traduzem essas informações em coleções que se renovam constantemente. Em termos de comunicação e campanhas publicitárias, a estratégia da Zara passa por usar as mesmas linguagens – e profissionais – das grandes marcas de luxo.

Crescimento global e inovação

A loja de Coruña foi o ponto de partida de uma expansão ousada. Ainda nos anos 1980, a Zara cruzava fronteiras, chegando a Portugal, Estados Unidos e França. Nas décadas seguintes, abriu lojas nos cinco continentes e consolidou sua presença em mercados estratégicos como Brasil, Japão, Reino Unido e Emirados Árabes. Em 2025, a marca está presente em 98 mercados físicos, mais de 3 mil lojas físicas e 214 mercados digitais.

Ao mesmo tempo em que expandia seu alcance, a Zara inovava nos bastidores. Da logística ao e-commerce, passando pelas experiências em loja, a empresa adotou uma abordagem integrada. Hoje, suas lojas são reconhecidas por uma arquitetura única, que valoriza tanto o patrimônio histórico local quanto a tecnologia de ponta.

A celebração dos 50 anos

Para marcar os 50 anos da marca, a Zara escolheu retornar às origens. A loja inaugural na Rua Juan Flórez foi transformada temporariamente em um espaço imersivo que homenageia sua trajetória — com uma curadoria de peças em edição limitada, objetos especiais e uma instalação que mistura arte, moda e memória. Estantes exibem revistas de moda publicadas desde 1975, enquanto um café e lounge boutique acolhem visitantes de todas as partes do mundo.

Entre os destaques das comemorações está o filme “50 Years 50 Icons”, dirigido pelo lendário fotógrafo Steven Meisel, com direção criativa de Marta Ortega Pérez, presidente não-executiva da Inditex. Nele, 50 das maiores modelos do mundo, de Cindy Crawford a Paloma Elsesser, de Naomi Campbell a Twiggy, interpretam o clássico “I Feel Love”, de Donna Summer. A produção audiovisual é uma ode à criatividade e ao espírito atemporal da marca.

Zara: passado, presente e futuro

O que começou como uma loja de bairro transformou-se em um fenômeno global. Mais do que vender roupas, a Zara moldou um novo modelo de consumo, em que velocidade, desejo e escuta ativa se combinam em um ciclo constante de renovação. Diante dos desafios relativos a uma cadeia de produção e consumo mais sustentáveis, a Zara lançou o projeto Pre-Owned, que oferece serviços de reparação, venda entre clientes e doação de peças de roupa usadas, com o objetivo de poder prolongar a sua vida útil. Atualmente, este serviço está disponível em quase todos os países da Europa mas com o compromisso de implantação em todos os mercados estratégicos para 2025, ano em que a empresa completa 5 décadas.