A semana masculina de Paris começou e, como sempre, traz em seu calendário nomes que são peças chave para a indústria, seja porque direcionam os caminhos que o mundo da moda vai seguir ou porque suas experimentações com formas, cores, estampas e novos materiais funcionam como um laboratório de alta qualidade para milhares de outras marcas que não podem – ou não querem – arcar com os custos (não apenas financeiros) de pensar lá na frente.
Entre o bom moço impecável da Valentino e a loucura criativa de Walter Van Beirendonck, há marcas que conseguem se posicionar no meio do caminho, criando uma imagem de moda impactante aliada a produtos de qualidade, usáveis e desejáveis não apenas por fashionistas.
Este é o caso de Juun.J, marca do estilista coreano Jung Wook Jun, que desfila em Paris desde 2007, de forma mais tímida, porém sempre chamando atenção com sua mistura de alfaiataria com cultura jovem e de rua, o que ele gosta de chamar de “street tailoring”.
Jung desconstrói clássicos masculinos, misturando elementos jovens à alfaiataria tradicional, sua expertise, e ainda um olhar moderno (mas não inviável) sobre as possibilidades de vestimenta para os homens. Sua coleção de Inverno 2015 traz diversidade de peças separadas em uma cartela de cores enxuta e clássica (azul, verde militar, branco), levando um novo olhar para jaquetas bomber, parkas, ternos com textura, risca de giz, e shapes que vão da cintura marcada ao oversized, com forte inspiração militar. Para quebrar a força da inspiração, ele termina o desfile com os modelos todos vestindo parkas que traziam nas costas desenhos feitos pelo artista surrealista italiano Paolo Pedroni. Na linha comercial, sua série de camisetas e moletons estampados já são hit entre os fashionistas.
Os editores mais antenados já sabiam que Juun.J era uma marca promissora, mas seu tamanho o impedia de dar passos maiores. Em 2012 o cenário mudou quando a grife passou a fazer parte do Cheil Industries, divisão controlada pelo conglomerado Samsung Group. Assim, o estilista conseguiu aumentar sua produção para atender à demanda crescente e hoje vende em dezenas de países.
Jung estudou Artes Aplicadas na faculdade, mas sempre gostou de moda. “Nada mais me interessava, então após eu ter sido dispensado do exército, comecei a estudar na Esmod”, disse em entrevista à revista “Details”. Formado em 1992, passou sete anos trabalhando em outras marcas até criar sua própria, que foi lançada em 1999 com o nome de Lone Costume. Seu primeiro desfile na semana de moda de Seul detonou uma febre fashion na Coreia do Sul e ele foi destacado pelo jornal “Asia Times” como um dos mais notáveis novos designers para se prestar atenção.
A trajetória de J.,colhendo os louros quase 15 anos após sua primeira imersão profissional na moda, é um bom exemplo de dedicação, paixão e paciência. Olho nele, pois o caminho para o sucesso está apenas no começo.
