Em clima do cinema futurista dos anos 1960 – num visual meio “Barbarella” encontra “Alien: O 8º Passageiro” –, e trilha sonora cinematográfica, vem o clipe de “Born This Way”, o polêmico single da sempre polêmica Lady GaGa. Dirigido por Nick Knight, do SHOWStudio, o vídeo tem sete minutos de duração, coreografia de Laurie Ann Gibson e “roteiro” escrito pela própria.
No blog do stylist Nicola Formichetti, junto a todos os créditos de moda do vídeo, uma informação preciosa: a presença da modelo brasileira Raquel Zimmermann, com sua imagem duplicada em uma cena de “parto” bizarro. Ela veste um bodysuit da Atsuko Kudo e colar da The Baroness.
No começo, entre imagens caleidoscópicas, Gaga faz um monólogo (que chama de manifesto) sobre uma “nova raça”, a dominação mundial dos “Little monsters” (como chama seus fãs) e outras conspirações “políticas”. “Falamos de uma nova raça, sem preconceito, mas de liberdade sem limites”, profetiza.
Na tela, aparece entre experimentos científicos, nascendo, renascendo, e dando a luz ao “bem” e “mal”. A vibe é totalmente trans-gênero; sexo indefinível, maquiagem andrógina e alterações no corpo, com espinhos e saliências nos ombros e rosto, dentro da pele. Como sempre, ela bate cabelo como Willow Smith, tenta dançar como Madonna e exibe sua voz poderosa.
Já no figurino, se divide entre biquíni preto com cristais, vestido esvoançante e smoking preto com peruca rosa — neste momento, com o rosto maquiado de caveira — contracenando com o modelo Rick Genest , o garoto-propaganda da Thierry Muegler, grife que por sua vez é dirigida por Nicola Formichetti, o stylist da cantora. Tudo em família.
Não há nada de especialmente original no vídeo, mas a capacidade de GaGa de ingerir/digerir linguagens, questões e informações de moda contemporâneas — para depois vomitar em músicas e vídeos, funciona para ela e seus pequenos monstros.