Já se perguntou como um simples penteado pode virar um fenômeno cultural e um marco do verão brasileiro? Do alto dos morros cariocas até os gramados da Europa, o ‘‘loiro pivete’’ e o ‘‘reflexo alinhado’’ saíram das lajes das comunidades e conquistaram as redes sociais, os salões e o coração da cultura brasileira. Mais do que estilos, eles são uma expressão de identidade e resistência que conecta o morro com o asfalto. E você sabia que, além do impacto visual, esse movimento também aquece a economia criativa das favelas?

Hoje, o FFW mergulha na história desses estilos, explora o impacto econômico e entende como eles transformaram barbeiros em empreendedores e comunidades em referências culturais.

Como começou

A descoloração de cabelo no estilo “Loiro Pivete” nasceu nos morros cariocas e nas periferias do Brasil, consolidando-se como um marco da cultura local. Inspirado pelas luzes femininas, esse movimento foi reinventado pelos barbeiros das comunidades para atender à estética masculina, criando um visual próprio da periferia. Inicialmente presente em salões improvisados e feitos nas lajes, o estilo conquistou as ruas, bailes e, eventualmente, destaque na moda periférica. Hoje, é um ícone cultural reconhecido em todo o Brasil, com adesão crescente entre jogadores de futebol, rappers, músicos e influenciadores que fortalecem a cultura de rua.

Vale destacar que apenas em 2022, o termo “loiro pivete” foi citado mais de 500 mil vezes nas redes sociais, mostrando seu crescimento em relevância. Assim, o que antes era visto como um ato marginalizado é agora um símbolo do verão carioca, associado ao “nevou” que domina as festas de fim de ano

O que é o ‘‘loiro pivete’’?

Popularizado principalmente pelos jovens das periferias, o estilo combina uma descoloração global — o clareamento completo do cabelo — com uma matização branca. Sua aplicação pode ser feita tanto em barbearias estruturadas quanto de forma improvisada, como em baldes nas lajes das comunidades. Nos últimos cinco anos, o interesse pelo estilo cresceu exponencialmente, com barbearias relatando aumentos de até 70% na demanda durante os meses de dezembro e janeiro, especialmente antes do Ano Novo.

O que é o ‘‘reflexo alinhado’’?

O “reflexo alinhado” surge como uma outra opção, uma evolução das luzes tradicionais adaptada para a realidade da favela. Essa técnica exige precisão, utilizando ferramentas adaptadas, como toucas e agulhas caseiras. O diferencial está na combinação de cortes populares, como o americano, disfarçado ou asa delta, com reflexos estrategicamente posicionados.

Em 2022, mais de 30% dos barbeiros das comunidades reportaram um aumento significativo na busca por “reflexo alinhado” durante o verão, especialmente entre jovens de 15 a 25 anos que desejam modernizar seu visual sem optar pela descoloração global.

Empreendedorismo nas comunidades

Por trás de cada ‘‘loiro pivete’’ e ‘‘reflexo alinhado’’ está o empreendedorismo dos barbeiros das comunidades. Estima-se que, durante a alta temporada, um barbeiro que adote essas técnicas possa dobrar sua renda mensal, com preços variando de R$50 a R$150 por serviço. Em comunidades maiores, como a Rocinha e o Complexo do Alemão, há registros de barbeiros atendendo até 20 clientes por dia no mês de dezembro.

Além disso, o impacto é percebido na geração de empregos e na economia local. Salões informais se multiplicaram nos últimos anos, criando um ecossistema onde crianças, adolescentes e adultos aderem ao ‘‘nevou’’, fortalecendo o ciclo de renda dentro das comunidades.

Um fenômeno cultural e social

A ascensão do ‘‘loiro pivete’’ e do ‘‘reflexo alinhado’’ não é apenas estética: é também uma afirmação social. Esses estilos romperam barreiras de preconceito e ajudaram a elevar a autoestima de jovens das periferias, mostrando que a moda pode ser acessível e inclusiva. Pesquisas realizadas em 2022 indicam que 65% dos jovens que adotaram o estilo o veem como um meio de expressão pessoal e identidade cultural.