Lyas: entre o humor e a moda
Entrevistamos o criador de conteúdo de moda mais divertido dos últimos tempos. Do Instagram à Interview, entenda sua visão de moda.
Lyas: entre o humor e a moda
Entrevistamos o criador de conteúdo de moda mais divertido dos últimos tempos. Do Instagram à Interview, entenda sua visão de moda.
Você pode até não seguir o Lyas no Instagram — mas provavelmente já compartilhou algum post dele no grupo de amigos fashionistas. Combinando ironia afiada, referências profundas e uma boa dose de deboche, o comentarista de moda que vive em Paris virou uma das vozes mais irreverentes (e certeiras) da nova geração digital.

Ele não tem medo de apontar o que ninguém comenta, transformar desfiles em conteúdo viral e fazer da crítica de moda um território acessível, divertido e, por que não, político. Foi assim que passou das timelines para a primeira fila dos desfiles, conquistando espaço no backstage, o respeito de estilistas — e até de Madonna, conseguindo a proeza de gravar seu apartamento para a audiência.
Entre um meme e outro, Lyas também virou colaborador da Interview, onde comenta coleções com o mesmo olhar cortante e apaixonado que exibe nas redes.
O FFW conversou com ele para a reportagem sobre moda e memes, mas o papo foi tão humorado que valeu a pena trazer aqui na integra essa troca em que ele fala sobre o poder do humor, os limites da ironia e a importância de rir da moda sem nunca subestimá-la.
Você pode se apresentar (incluindo sua idade)?
Sou o Lyas, um comentarista de moda de Paris, e algumas pessoas acham que eu tenho 40 anos, então vou dizer que tenho 40. ;)
Como surgiu seu interesse em falar sobre moda?
Quando comecei a sair em Paris, percebi que todo mundo tinha uma opinião sobre moda, mas ninguém a expressava. Então decidi ser a pessoa que faria isso. Sem filtro.
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Por que você escolheu falar sobre moda através dos memes?
Meu tom de voz é muito livre, adoro misturar humor com referências, emoções, sem regras. É a melhor forma de tornar a moda mais digerível e compreensível para muitas pessoas.
Você acha que sua geração usa o humor como forma de expressão?
Sim. Humor, ironia, é assim que nos conectamos uns com os outros e como construímos comunidades. Também é uma forma de criar uma distância entre a realidade dura e nós.
Você já enfrentou críticas por tratar a moda de forma brincalhona ou como uma piada?
Eu não trato a moda como uma piada. Às vezes, eu brinco com ela. E isso é diferente. Valorizo muito a moda. Para mim, é arte. Mas, para torná-la acessível a mais pessoas, às vezes é preciso vulgarizá-la um pouco. Quero tornar essa indústria menos elitista. E o humor pode ajudar nisso.
Você sabe falar de moda sem usar o humor?
Sim. E faço isso com frequência. É preciso entender quando é hora de rir e quando é hora de chorar. A arte é feita de emoções, e eu não riria de um desfile que me faz chorar. Isso não seria respeitoso com meus sentimentos. Então eu permaneço fiel ao que sinto.
Você falaria de moda se tivesse que ser em um tom mais sério?
Provavelmente não. Porque não seria uma experiência prazerosa para mim. E quero que tudo o que eu faço seja prazeroso. Esse é o poder da minha geração: a gente não aceita mais bullshit.
Como os memes foram introduzidos na comunicação de moda e na cultura pop em geral?
Acredito que foi com o surgimento das redes sociais.
Você acha que esse momento da moda com humor pode passar?
Espero que nem fodendo. Em tempos tão sombrios, com a ascensão do fascismo em todo lugar, é muito importante poder olhar para as coisas com ironia, escapar por meio da sátira, da paródia e do humor.
Na sua visão, qual a diferença entre quem fala de moda de forma séria e quem faz isso com humor?
Um consegue fazer as pessoas rirem, o outro não.
Por que você acha que as pessoas gostam de comunicar temas sérios por meio de memes?
Acho que torna esses temas mais digeríveis. Mas, de novo, às vezes vejo pessoas rindo de seus traumas, seus erros e seus “flops”, e acho importante manter leveza num mundo que se leva a sério demais.
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