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    7 marcas de moda que levam sustentabilidade à sério

    No dia mundial do meio ambiente, reunimos alguns nomes da moda que têm um compromisso inadiável com a sustentabilidade. Confira!  

    7 marcas de moda que levam sustentabilidade à sério

    No dia mundial do meio ambiente, reunimos alguns nomes da moda que têm um compromisso inadiável com a sustentabilidade. Confira!  

    POR Gabriel Fusari

    O que faz uma marca de moda ser, de fato, moderna? Dá para pensar em muita coisa — styling afiado, tecnologia nos tecidos, tendência na hora certa. Mas hoje, isso tudo vira ruído perto da pergunta que realmente importa: como ela lida com o impacto que gera não só no ambiente, mas na vida de quem faz a roda girar, desde os fornecedores de materiais, passando por quem vai idealizar e confeccionar, até os provadores. 

    Para Alexandra Farah, especializada em moda e sustentabilidade, com anos de pesquisa e um mestrado no assunto, o que define uma marca sustentável não é um post no Instagram ou uma coleção cápsula pontual, mas sim o comprometimento contínuo com todas as etapas do processo. “Sustentabilidade é um conjunto de ações. É sobre medir o impacto de cada uma delas, cuidar da cadeia como um todo, pagar bem e dar condições para que todos possam evoluir. Não é só usar algodão orgânico. É repensar embalagem, reduzir água, revisar práticas — e principalmente, comunicar tudo isso com transparência”, afirma.

    Não é novidade que a indústria da moda está entre as que mais geram resíduos no mundo. Segundo o Global Fashion Agenda, foram mais de 92 milhões de toneladas de resíduos têxteis descartados nos últimos anos. Diante disso, algumas marcas começaram a rever seus caminhos, procurando formas mais honestas de seguir em frente. No Brasil, tem gente fazendo isso sem cair na fórmula pronta, e com propostas que passam longe do greenwashing. 

    Quer ver isso acontecendo na prática? A gente separou algumas marcas brasileiras que estão tentando desenhar um futuro melhor para a moda. Vale conhecer as práticas de cada uma.

     

    Malwee

    Entre as grandes marcas, a Malwee é uma das poucas que, segundo Alexandra, levam a sério as metas sustentáveis, sem cair naquela armadilha do greenwashing. “A Malwee tem muitas iniciativas, como de eficiência energética e eficiência hídrica. Todo ano ganha prêmios do Fashion Revolution como empresa mais transparente”, diz, sobre o Índice de Transparência da Moda Brasil, ranking organizado pelo Fashion Revolution Brasil. Ao longo dos últimos anos, o grupo reduziu em 75% suas emissões e assumiu a meta de cortar mais 50% até 2030. Também investiu em novas tecnologias que diminuíram em 36% o consumo de água por peça, além de desenvolver um dos jeans mais sustentáveis do país. A neutralização por crédito de carbono, que antes fazia parte da estratégia, foi revista — agora, a empresa prioriza a redução real das emissões antes de pensar na compensação.

     

    Pablo Monaquezi, Motta.World

    A Motta talvez não seja um nome óbvio para quem olha a moda de fora, mas é referência para quem acompanha de perto. Antes chamada de Projeto Mottainai, a marca de Pablo Monaquezi surgiu em São Paulo, em 2021, em plena pandemia – momento em que repensar consumo deixou de ser discurso e virou necessidade. Inspirado pela avó modelista, lá em Juiz de Fora, Pablo começou garimpando roupas e transformando peças excedentes em novas criações. Desde então, o upcycling virou base do trabalho da marca – mas não parou por aí.

    Hoje, a Motta segue caminhos diversos para tentar ser o mais sustentável possível. “A gente transforma peças que já existem, trabalha com descarte têxtil de fábricas (até de poliéster) e também desenvolve nossos próprios tecidos, com algodão reciclado e fio orgânico. O tingimento é terceirizado, mas a gente busca parceiros com os processos mais limpos que conseguimos encontrar”, conta o diretor criativo. Em vez de seguir o calendário tradicional da moda, a Motta lança uma coleção por ano, que vai ganhando novas peças conforme o processo evolui. Modelagens fixas, mas com resultado sempre único, já que cada matéria-prima vem de uma história diferente.

     

    Flavia Aranha

    Fundada em São Paulo, a marca de Flavia Aranha completou 16 anos com um propósito claro: criar moda a partir de práticas regenerativas. Desde o início, o trabalho é construído em parceria com agricultores familiares, comunidades artesãs e projetos de reflorestamento. Os tecidos são naturais, biodegradáveis e compostáveis sempre que possível. Já os corantes vêm de extratos botânicos de plantas nativas, como a erva-mate e o crajirú, desenvolvidos com tecnologias próprias que evitam a petroquímica. Cada coleção nasce de uma escuta – do território, das pessoas, das urgências do presente. “A sustentabilidade não está em uma peça ou material específico. A marca nasceu da urgência de repensar o sistema. O que a gente propõe é uma construção contínua, que olha para o todo”, diz Flavia. 

     

    Marlu Fonseca, Leonie

    Fundada por Marlu Fonseca, a Leonie nasceu da convivência com sua avó costureira, no sertão de Pernambuco, e cresceu em São Paulo, onde o estilista começou produzindo camisetas tie-dye durante a pandemia. Hoje, a marca desenvolve bolsas com couro sintético à base de cacto, utiliza câmaras de ar e folhas do belief, e reaproveita estoques de marcas que fecharam. Guarda-chuvas recolhidos em aterros viram forros de carteiras; retalhos da produção ganham nova vida em peças únicas feitas no estúdio Leonie. As embalagens são recicladas, os cartões são plantáveis e nenhum item é enviado com plástico. “Comecei a usar esses materiais porque era o que eu tinha acesso. Não era sobre ser sustentável, era sobre improvisar. Com o tempo, isso virou um método. Hoje, reaproveitar é parte do processo”, explica Marlu.

     

    Melk Zda

    Nem tudo que parece descartável precisa ir para o lixo. Melk Zda entendeu isso cedo – e transformou a ideia em prática de ateliê. Há mais de 20 anos, ele trabalha com moda a partir do artesanal: borda, tinge, reconstrói tecidos e materiais que muita gente jogaria fora. Seu processo é manual, feito com calma, em coleções sob medida e em escala reduzida. No Dragão Fashion, em Fortaleza, onde desfila com frequência, suas peças aparecem experimentando formas, matéria e memória. “A gente trabalha com tingimento, reutiliza material descartado, usa bases naturais e mão de obra local. Não é sobre inovação: é sobre expressão com o que está ao nosso redor.”

     

    Botti

    A marca Botti nasceu em 2013, quando Bruna Botti decidiu transformar sua relação com o fazer manual e criar calçados a partir de matérias-primas naturais e processos artesanais. A produção acontece em pequena escala, com foco no uso de couros de fornecedores certificados com selos como LWG e Kind Leather, e no desenvolvimento de peças que dialogam com a rotina urbana, sem abrir mão da responsabilidade ambiental. Os materiais variam: folhas de vitória-régia e de orelha-de-elefante já viraram sapato. A marca também aposta em parcerias com comunidades locais e artesãos indígenas. Os calçados são feitos para durar, com atenção às etapas de cada produção. Bruna também desenvolve colaborações e mantém uma rede que inclui nomes como Paula Raia, Misci, A.Niemeyer e Handred Studio. “Me preocupo que o produto não seja só bonito, mas também funcional e feito de forma responsável, ajudando a promover um consumo mais consciente e impactos mais positivos. Quero mostrar para o mercado que é possível ter um negócio lucrativo, que beneficie todos os elos da cadeia produtiva e, acima de tudo, respeite o planeta onde vivemos.”


    Paula Rondon

    Depois de anos à frente do brechó B.Luxo, referência em roupas vintage em São Paulo, Paula Rondon decidiu transformar sua relação com os acervos que tanto colecionava. Em 2020, lançou sua marca homônima, partindo de uma estética que já acompanhava seu trabalho, mas agora unida ao conhecimento em costura adquirido na Central Saint Martins, em Londres. Percebendo o crescimento do upcycling fora do Brasil, Paula viu ali uma possibilidade de atuar de forma mais direta com a transformação de peças e tecidos esquecidos. Desde então, produz mensalmente cerca de 30 criações únicas, sempre lançadas em domingos previamente divulgados. As matérias-primas vêm de garimpos feitos no Brasil e em viagens, mas também de doações e sobras. Quando sobra tecido, ele vira acabamento. Quando sobra acabamento, ele vira detalhe de outra peça. “Somos uma marca pequena, mesmo quando produzimos quantidade são poucas peças. Preferimos trabalhar no formato de ateliê, seria quase um sob medida. Além disso, trabalhamos com tecidos antigos, que já estão no mercado, parados. Tudo vira roupa: além dos tecidos, colchas, toalhas, lençóis e bordados manuais.”

     

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