Por Paula Rita Saady, em Paris
Looks do desfile de Inverno 2012 da Hermès ©ImaxThree
Depois da chegada de Christophe Lemaire na Hermès, há três estações, a América do Sul vem ganhando espaço inspiracional na tradicional casa francesa. O “Brasil tropical” já foi tema com estampas de plumas e cocares, e essa temporada o estilista aponta para o gaúcho, o cavaleiro tradicional do pampas argentinos. A coleção tem a sensualidade misteriosa das amazonas: uma mulher forte e com ares de guerreira, que veste calças bufantes, ponchos e casacos tipo quimono.
Fizemos uma visita ao showroom, para ver de perto e entender um pouco mais do savoir faire da Hermès, em que cada detalhe justifica o prestígio da marca.
Poncho que abriu o desfile ©ImaxThree
A leveza dos materiais através da pesquisa de tecidos e a experimentação de novas técnicas de acabamento e construção da roupa são pontos chave para entender a coleção. O poncho que abriu o desfile é um fino tressé de couro com cashmere, muito leve e ao mesmo tempo bem quente. Outro exemplo é o caviar de tweed (sim, esse é nome do tecido), que é tão fino, quase uma seda, e apareceu em ternos, vestes e calças.
Paletó feito com “caviar” de tweed ©Paula Rita Saady/FFW
No desfile e no showroom ©ImaxThree e Paula Rita Saady, respectivamente
O mix de materiais diferentes como crocodilo, arraia, bezerro e peles colocam muita textura nas peças e, no showroom, tudo vira uma questão de toque. É nessa hora que jornalistas e editores podem pegar, sentir e olhar do avesso os acabamentos de uma coleção. E nesse quesito, a Hermès seduz como poucas. O top quadrado de couro com lateral em malha, e o sobretudo dupla face verde escuro – um lado couro, outro vison tingido de verde, dizem tudo.
Top quadrado em couro: excelência no acabamento ©Paula Rita Saady/FFW
Outra peça impressionante é o casaco feito como uma peça inteira de lã do Nepal. Ele tem gola e bolsos, mas nenhuma costura. É literalmente uma escultura, que com o tempo, se molda no corpo da feliz consumidora.
Casaco sem costuras feito com lã do Nepal ©Paula Rita Saady/FFW
Os acessórios são um negócio à parte (e que negócios!). A cobiçada bolsa Kelly ganhou nova versão com fechadura em forma de cinto, a Kelly Belt. Birkins, Contances, Bowlings e Messengers em cores de inverno, como verde, violeta, vermelho queimado e cinza, aparecem em contraste com tons fluorescentes. O carré (lenço quadrado fetiche entre fashionistas) vem na estampa de bengalas antigas “Les Cannes“ ou em “Spirograph”, geométrica e japonista. As novas estampas também apareceram em alguns dos vestidos da coleção.
Bolsas: de todos os tamanhos e cores ©Paula Rita Saady/FFW
O sapato de corte V profundo, em crocodilo preto ou azul bic, foi um dos destaques do desfile, mas há muito mais: botas coloridas, mocassins e scarpins de bico fino, tendência que veio direto dos anos 50.
Sapatos de couro azul bic estão entre os mais desejados da coleção ©Paula Rita Saady/FFW
Uma das novidades é o couro azul bebê e as miniaudières, ou seja, bolsas em miniaturas que mal cabem o celular, mas são verdadeiras joias. Pensando nisso, o designer Pierre Hardy recentemente criou para a Hermès uma coleção de joias, com pingentes que homenageiam as clássicas bolsas da marca. #Desejo!
O clímax do luxo se dá com as três bolsas em ouro e diamantes, expostas como se fossem obras de arte (não era permitido tirar fotos da peça). Foram anos de pesquisa no ateliê, que resultaram em placas de ouro encaixadas como um mosaico para conseguir a textura perfeita de crocodilo. Estão avaliadas em € 1 milhão cada, mas no caso da Hermès, não vamos nos surpreender se virarem um item com lista de espera.
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