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    POR Augusto Mariotti

    Por Carol Althaller, em colaboração para o FFW

    Mariana Iacia, fundadora da marca Svetlana ©Carol Althaller

    Após uma temporada estagiando com Stella McCartney, Mariana Iacia, 24 anos, percebeu que dava sim para unir sua filosofia vegetariana e o cuidado com os animais e aplicar métodos sustentáveis no design. Com talento para atividades artesanais herdado da mãe, ela volta ao Rio de Janeiro e começa sua marca como que de brincadeira. Hoje, quase um ano depois, a Svetlana comprova o pensamento de Mariana: “Dá pra ser vegan e ter um design bacana”. Confira entrevista com a designer:

    De onde surgiu a ideia da Svetlana?

    Sempre fiz trabalho voluntário com animais, parei de comer carne há oito anos, mas ainda usava coisas de couro, até ir trabalhar com a Stella McCartney, em Nova York. Lá, passei por diversos processos e partes de produção dentro da marca e vi que não é só o couro, mas também não usar seda, nem cola de peixe, é uma filosofia que vai além e não explora o animal em nenhum sentido. Às vezes não nos damos conta, mas muitas coisas têm origem animal, como a gelatina, que vem do tutano de boi. Na Stella consegui entender esse processo mais amplo e, de volta ao Brasil, resolvi aplicar esses conceitos numa marca própria.

    Você vê esse caminho sendo seguido por outras marcas por aqui?

    Acho que faltam marcas no Brasil que aliem design e sustentabilidade. Procuro muitas marcas no Vegan Chat Room, mas aqui conheço poucas. Gosto muito da Canna, que tem essa pegada também.

    Detalhe do ateliê da Svetlana ©Carol Althaller

    Onde você se formou?

    Na PUC, do Rio. Fiz design gráfico e meu trabalho final foi sobre acessórios com cordas reaproveitadas. Daí fui estudar na Parsons, em Nova York, onde fiz cursos mais voltados para área de business, fashion marketing. Sempre estudei mais esse lado de negócios, nunca achei que fosse me dar bem na criação.

    E aí você começou a estagiar na Stella…

    Na verdade fui pra Alberta Ferretti, também nessa parte de atacado e exportação, super business, aprendi muito. Também estagiei num pequeno ateliê fazendo roupas mais sofisticadas, tínhamos clientes como a princesa da Bélgica, e lá lidei mais com criação, mas não achei meu foco, não era meu tipo de roupa. Aí fui pra Stella e ela dá muito valor pra isso de ser vegetariana… A minha chefe viu que eu tinha interesse nesse processo e me colocou para aprender como faz mesmo. Decidi então, depois dessa temporada em Nova York, fazer pós em Londres, mas no meio do processo de aplicar, fiz umas coisinhas de roupa aqui no Rio e então criei a marca e foi andando. Fiz umas roupas e coloquei na Sala de Estar, logo a Blue Man me chamou pra fazer uma parceria de acessórios. Vendi bem na Sala de Estar, a Dona Coisa me chamou pra fazer algumas peças, fiz uns pratos pra elas. Quando me toquei, já tinha saído em lugares legais na imprensa e fui chamada para participar do “Not just a label”, a demanda foi crescendo e agora estou apostando. Não sei onde vai dar.

    E o que você fez para cada uma dessas marcas e lojas com que colaborou?

    Fiz umas coisa pra Svetlana e então a Blue Man pediu pra eu fazer parceria, nada muito grande, era muito artesanal, meus colares e tal. Fiz pra vender em poucos pontos de venda. Eu vendo na Sala de Estar, e é livre, coloco um pouco de cada coisa lá. Na Dona Coisa fizemos as pulseiras juntas, uma técnica indiana que eu e a Bebel, compradora da Dona Coisa, criamos em conjunto. As pulseiras são sucesso por lá. E depois fiz os pratinhos, a linha infantil… Tenho vontade de vender em algumas multimarcas pelo país, ainda mais agora que estou profissionalizando, tenho uma confecção que vai fazer as coisas pra mim.

    Pratos da Svetlana ©Carol Althaller

    Quanto tempo tem a marca?

    Em julho de 2012 eu comecei a desenhar tudo. É super novo. E comecei a vender em setembro.

    Como é sua relação com sustentabilidade?

    Eu compro muito em brechó, meu sonho é ter um. Mais pelas peças serem únicas mesmo, embora eu ache importante também esse lado de sustentabilidade. Essa história de fazer coisas na China, não valorizar mão de obra daqui, matéria prima. As fast fashion estão derrubando tudo. E com a minha marca eu consigo pensar em menor escala, você tem controle das etapas, é diferente.

    O processo sustentável, então, tem a ver com sua marca?

    Tem super, pretendo crescer e planejo essa expansão de forma sustentável, ainda mais porque penso que quando você produz em larga escala, você perde isso. E sendo uma marca vegan, todas as etapas têm uma regulamentação, estou mais pra slow fashion do que fast fashion. E, por exemplo, eu uso tecido sintético porque às vezes o processo de estamparia polui menos. É um pouco difícil ainda, eu tenho essa posição de falar que é vegan e tenho processos sustentáveis. Às vezes, infelizmente, não dá pra ser 100%, mas o mínimo é pensado.

    Você participa de algum movimento em defesa dos animais, pró vegetarianismo?

    Faço parte de alguns, não sou super engajada, mas às vezes, o dinheiro que podia ser capital de giro vira doação. E gosto de usar minha marca pra informar também. E não é catequizar, é trazer algo diferente que a pessoa não conhece e acabar influenciando de alguma forma. Coloco bastante coisa no Facebook, porque tem muita gente que vem falar que é legal saber sobre essas coisas.

    Peças da Svetlana ©Carol Althaller

    Peças da Svetlana ©Carol Althaller

    Como é o seu processo de produção e criação?

    É meio bagunçado. Vou sentindo as coisas. A primeira coisa é fazer a estampa, as peças em que eu acredito. E aí vou nas modelagens que tem a ver. Não mudo muito as modelagens, são mais básicas. Aí passo pra modelista e fazemos a peça piloto. A primeira coleção eu tinha cerca de 300 peças. Era tudo muito novo e fomos vendendo aos poucos e vendeu tudo. Dessa vez, fiz 300 só pro lançamento e vendeu tudo em um dia! Agora estou tendo que estocar tudo. Vi que não dá pra ser amador, então agora tenho uma confecção, começamos com um mínimo de peças mais alto.

    E suas coleções são inspiradas em filmes?

    São. Eu amo cinema, queria ter estudado. A primeira foi inspirada num curta, a de acessórios no filme “Limite”, do Mario Peixoto, um filme antigo. Essa peruana foi no “A Teta Assustada”, um filme muito lindo da Claudia Llosa.

    Quais são as peças em que você aposta?

    Tem de tudo, casaco, vestido, saia, calça… Eu arrisco mais nas estampas. Não mudo muito shape, sou super geométrica e acredito nas fórmulas que funcionam, mexendo apenas nas estampas. Gosto de coisas que chamem atenção nas estampas, mas com o corte certinho. Isso é um pouco do meu estilo também, não sigo muito os modismos, as minhas peças são mais atemporais. Não posso dizer que não sigo tendência, mas não faria algo só porque todo mundo está fazendo, tenho um processo muito meu, preciso acreditar naquilo.

    Quem é a consumidora da Svetlana?

    Eu tenho várias linhas. O que falei de 300 pecas são mais do feminino mesmo. Minha consumidora é exatamente pra quem eu penso a marca. Uma menina jovem, ligada às tendências, que paga um preço acessível, porque não quer que aquela peça dure para sempre.

    Detalhe do ateliê da Svetlana ©Carol Althaller

    Quais os preços das peças?

    De R$ 100 a R$ 250. Porque não uso seda, linho, esses tecidos não têm a ver com a minha marca. E pretendo manter esses preços, não acho que hoje em dias as pessoas gastem muito em roupa, eu pelo menos não acredito e não pago.

    Você tem loja online?

    Ainda não. Mas quero todo um conceito desenhado, porque sei o quanto isso influencia. Se você não está preparado para essa demanda acho melhor nem ter. E no futuro pretendo fazer atacado também.

    E qual foi seu investimento até agora?

    No começo, como foi muito natural, fui investindo aos poucos. Achava que tinha investido pouco, mas como tenho muitas linhas — pratos, acessórios, masculino, infantil –, foi mais de R$ 100 mil, com certeza. Brand book, filme, foto, site e sei que o lucro só vem em cinco anos. Mas hoje já consigo ter um capital de giro e investir cada vez mais. É normal investir esse tanto. A questão é que fiz muitas linhas, mas não pretendo continuar com todas. Hoje a Svetlana tem infantil, masculino, feminino, acessórios, os pratos…

    E por que Svetlana?

    Eu ia vender e não queria vender com meu nome, porque é muito mais um conceito do que minha criação. Sempre gostei de coisas do leste europeu, tenho coleção de coisas da Sérvia. Sempre falava que eu queria esse nome pra minha filha. Aí decidi colocar na minha marca, que é como um filho mesmo. É um nome próprio e significa brilho, brilhar, o que tem tudo a ver. E comecei a pesquisar muito, queria que fosse uma mulher independente e comecei a ver que mulheres importantes tinham esse nome. A primeira mulher a ir pra Lua, a filha do Stalin era Svetlana, ela era muito guerreira e independente, várias Svetlanas tinham personalidade forte. E eu tenho mania de coisas de brechó, acervo. Lembro que comprei na Alemanha um álbum de uma pessoa e ela chamava Svetlana, achei que era destino. E aí ficou.

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