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    Jovens empreendedores: conheça a nova marca que une vegetarianismo e design
    Jovens empreendedores: conheça a nova marca que une vegetarianismo e design
    POR Camila Yahn

    Fernanda Franco Cannalonga, fundadora da Canna, no seu home office ©Ricardo Toscani/FFW

    Quem procura uma opção para não usar produtos de couro e peles de animais, mas sempre acha as coisas sem graça e sem design, precisa conhecer a Canna, marca de bolsas e acessórios em material sintético de Fernanda Franco Cannalonga, uma jovem de 22 anos, vegetariana há oito, que procurava uma boa solução para esse problema. E como acontece com muitos empreendedores, Fernanda solucionou essa questão com as suas próprias mãos. A opção de se tornar vegetariana surgiu de conversas com um amigo. “Eu nunca prestei muita atenção, mas de tanto ele falar foi ficando na minha cabeça. Comecei a pensar e passou a fazer sentido para mim. E tem muita coisa gostosa que podemos fazer para comer sem ter que matar animais”, diz.

    A Canna tem oito meses de existência e por enquanto é Fernanda quem faz tudo. Ainda sem escritório, ou melhor, com escritório improvisado na sua casa onde estava também o seu namorado, ex-assessor de imprensa que ajuda com os assuntos de divulgação, a Canna caracteriza-se pelo seu design minimalista e pela vontade de Fernanda de oferecer um conjunto completo de “moda sustentável” – desde os materiais que usa, todos de origem nacional e 100% vegetarianos, ao conteúdo que divulga na página de Facebook da sua marca, e até o trabalho que desenvolve com os artesãos que cortam e produzem as suas peças.

    Hoje, Fernanda trabalha meio período no escritório brasileiro da Peclers Paris, agência francesa de tendências, “porque por enquanto não dá para fazer só a Canna”, confessa. Foi no escritório da sua marca, com direito a bolinhos veganos (sem leite nem ovos) feitos pela própria, que Fernanda recebeu o FFW para contar tudo sobre a sua marca.

    Uma das paredes do escritório de Fernanda ©Ricardo Toscani/FFW

    Como surgiu a Canna?

    Comecei a trabalhar com moda muito cedo, desde os 13 anos. Montei outra marca que chamava Violet Shop, mais voltada para o público adolescente, era bem o que eu queria! Eu fazia bolsas, acessórios, tudo em casa, e era eu mesma que fazia sentada na máquina de costura. Tive a marca por uns seis ou sete anos e fazia um super sucesso, vendia bastante. Até hoje as pessoas me mandam email perguntando. Aí durante a faculdade [Fernanda estudou moda na Faculdade Santa Marcelina], ficou pesado com o estágio e tudo e larguei um pouco. Quando resolvi retomar, quis voltar com mais do que eu era. Eu cresci e a marca também.

    E por que bolsas 100% vegetarianas?

    Eu tinha essa necessidade de encontrar produtos legais que não fossem de couro animal, mas que tivessem um design interessante, até porque sou vegetariana há oito anos. Então resolvi fazer. Que é a história de muitos empreendedores!

    E para encontrar os materiais? Foi necessário muita pesquisa?

    Sim. Eu não queria material que viesse da China, então o meu material é todo feito no Brasil, no Rio Grande do Sul e na Bahia. São fábricas muito legais porque têm todos os processos de sustentabilidade – reciclam quase 100% da água, reciclam o coagulante que deixa o plástico com esse aspecto e é um material super bom de trabalhar por causa da paleta de cores e porque tem um ótimo toque. Eu testei outros materiais como couro vegetal, mas ele não é igual, não funciona tão bem para trabalhar para a indústria de moda.

    O que exatamente é o material que você usa?

    É um laminado sintético todo elaborado por processos ecológicos.

    Como funciona o processo de criação e produção?

    Eu desenho e tenho uma pessoa que faz a modelagem e a produção. Por enquanto a criação é muito orgânica, é muito o que eu quero ou o que eu sinto e tento agregar funcionalidade. É um design minimalista, que é o que eu gosto. Agora que estou quase lançando a segunda coleção estou pensando mais no design e como melhorá-lo para se tornar mais resistente e  ter uma maior durabilidade.

    Algumas peças e modelos da Canna ©Ricardo Toscani/FFW

    Quantas peças são feitas por coleção?

    Nesta coleção eu fiz umas 150. E já tenho poucas. Eu sei que demora pra vender, é normal, porque principalmente quando vende pela internet, as pessoas não sabem o que é este material que eu trabalho nem se ele é bom.

    Como vocês divulgam a marca?

    Por enquanto, tenho site, tenho as páginas de mídias sociais e estou fazendo um trabalho no Facebook da marca que é criação de conteúdo. Como eu pesquiso muito marcas que têm os mesmos princípios que a minha, acabo achando muita coisa, de maquiagem, produtos para o corpo, que eu acho muito legal e as pessoas não conhecem, não sabem. E mandamos press kits para vários veículos.

    Vocês participam de eventos de divulgação, ou relacionados com o vegetarianismo?

    Participei de um evento chamado ModaCamp no IED e foi bacana porque ia ter palestras e uma loja com várias marcas novas como eu e todo mundo elogiou bastante, falando que era de luxo. Fiquei bem feliz! Eu fico procurando feiras e lugares onde eu possa me encaixar. Tenho alguns produtos para venda na Choix e é legal porque a loja está incentivando bastante as marcas pequenas ao longo dos anos, e através deles eu consigo maior divulgação.

    Qual foi o seu investimento na Canna? Utilizou dinheiro que sobrou da Violet Shop?

    Como demorou muito entre um projeto e outro, eu não fiz relação dos dois dinheiros. (risos) O investimento da Canna foi muito com o que tinha no bolso, na conta, o que ganhava por mês, aí pagava o material, depois o modelista… e as coisas iam. Não tinha dinheiro sobrando para investir em marketing, por exemplo. Depois eu descobri que isso tem um nome, que é bootstrapping, de fazer as coisas assim mesmo e de reduzir custos. O meu escritório é em casa, não posso pagar escritório ainda e fui eu que fiz o logo. As embalagens sou eu que faço na máquina, sou eu que embalo, coloco no correio, enfim, sou eu que faço tudo, menos modelagem e produção.

    Depois calculei quanto gastei para fazer a primeira coleção e acho que foram uns R$ 15 mil. Mas claro, fui colocando de R$ 200 em R$ 200. E aí quando fiz a conta final, quase caí da cadeira. (risos)

    A máquina de costura de Fernanda, onde ela faz as embalagens da Canna ©Ricardo Toscani/FFW

    A produção é toda em São Paulo?

    Sim, faço com artesãos – o material chega em rolo e daí mando para a modelagem e produção. Eu procuro sempre fazer o conjunto, não adianta trabalhar com um material legal e explorar a mão de obra.

    Quanto eles cobram?

    De R$ 40 a R$ 100. É caro. O meu preço final está competindo com marcas que não são super caras, mas também não são super baratas. Eu poderia cobrar R$ 600, mas eu quero mostrar às pessoas que não precisa pagar tudo isso. Não quero ser uma Stella McCartney, que não dá para pagar! (risos) O rolo custa R$ 40 o metro. Que é quase quatro vezes mais do que o material vindo da China.

    E a marca já pagou o investimento?

    Ainda não. Tenho a Canna há oito meses, é muito pouco. Tem marca que demora uns cinco anos para pagar o primeiro investimento. Eu acho que eu estou bem para aquilo que eu ouço falar!

    O assunto da sustentabilidade tem sido muito falado ultimamente…

    Sim, e falta no mercado. No Brasil, que eu saiba, sou a única que faz um trabalho sustentável, 100% vegetariano e com design. E com bons preços. E no mundo tem poucos produtos assim. Tem umas coisas nos Estados Unidos, mas muito pouco.

    Embalagem costurada por Fernanda e um rolo de material bruto ©Ricardo Toscani/FFW

    Você se envolve com movimentos?

    Agora estamos fazendo uma parceria com o instituto Move, que tem uma campanha enorme contra peles. Eu prefiro dar opção do que falar que é um horror usar peles e couro. Por isso também é que eu gosto de mostrar as coisas no Facebook, para as pessoas verem que dá para fazer as coisas com pouco e sem abrir mão de ser bonito ou estar na moda e ter qualidade.

    Também tem o Vista-se, que é o maior portal brasileiro de vegetarianismo, é só uma pessoa que faz, que é o Fábio Chaves, que é muito empenhado em divulgar as coisas, produtos, receitas e eventos. Tudo. E ele criou um clube vegetariano de benefícios. Como um “Groupon”, mas vegetariano. As marcas se associam e oferecem um benefício. A Canna, por exemplo, oferece um chaveiro a cada compra feita, e eu já fechei muitos negócios através deles.

    Fernanda planejando a nova coleção ©Ricardo Toscani/FFW

    Aonde quer chegar com a sua marca?

    Eu gosto muito de fazer as coisas eu mesma. Lógico que agora sou só eu porque não tenho dinheiro para mais pessoas, mas gosto de me envolver em todos os processos. Não quero que a marca cresça tanto ao ponto de eu não fazer mais nada disso. Não quero perder o controle. Cuido pessoalmente de cada cliente, se as pessoas têm alguma dúvida, por exemplo. Acho importante. Era um cuidado que eu já tinha com a outra marca e que quis manter.

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