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    Fim de uma era
    Fim de uma era
    POR Camila Yahn

    Nicolas Ghesquière dá o último adeus pela Balenciaga na temporada de Verão 2013 em Paris ©Reprodução

    Nesta segunda-feira (05.11), quando explodiu a notícia de que Nicolas Ghesquière deixaria a Balenciaga no final de novembro, vários queixos fashionistas caíram. Não porque não seja normal deixar um posto de trabalho, mas sim porque fica difícil imaginar a marca sem Ghesquière. A posição de diretor criativo que ele ocupava há 15 anos não era um mero posto, mas sim a estrutura nervosa central de uma das marcas mais respeitadas e vanguardistas da atualidade. Entenda a saída de Nicolas Ghesquière aqui.

    “Se Nicolas Ghesquière não é um dos maiores designers da atualidade, não sei quem será”, escreveu Cathy Horyn, editora de moda do “The New York Times”. Em texto publicado nesta terça (06.11), Cathy atribui a culpa da saída do designer à gerência do grupo PPR, dono da grife desde 2001, preocupada em fazer ressurgir a Saint Laurent (pertencente ao mesmo grupo) e ao mesmo tempo pedindo toques mais comerciais às coleções da Balenciaga. O último desfile da marca em Paris foi altamente elogiado. O site Style.com finalizou sua resenha dizendo que Ghesquière era a prova viva de que Paris não era “um espetáculo de dois homens só”, referindo-se às polêmicas da estação envolvendo Hedi Slimane e Raf Simons, diretores criativos da Saint Laurent e Dior, respectivamente.

    Looks do desfile da Balenciaga de Verão 2013 ©ImaxTREE

    Dizer que Ghesquière foi quem impulsionou a marca para a linha de frente da inovação seria injusto com o seu fundador, o espanhol Cristóbal Balenciaga, mas o fato é que Nicolas acordou a marca de um sono profundo. Em 1918, quando fundou a Balenciaga y Compañía, Cristóbal era considerado o maestro da alta costura. Seus ateliês, localizados na cidade praiana de San Sebastián e nas metrópoles Madri e Barcelona, cedo se encheram com membros da família real espanhola e aristocratas ávidos por exclusividade e cortes inovadores. No entanto, em 1936, a guerra civil espanhola obrigou a marca a se mudar para Paris, no imponente edifício da Avenue George V, onde está até hoje. Competindo com os designers franceses que surgiam, como Christian Dior e Coco Chanel, as inspirações espanholas trazidas pela marca rapidamente atraíram as atenções de atrizes estrelas como Carole Lombard, Greta Garbo, Marlene Dietrich e Ginger Rogers. Uma mistura do refinamento francês com a força e paixão espanholas traduzia a Balenciaga da época.

    Vestido de noiva criado em 1968 e silhueta de 1956 ©Reprodução

    Enquanto Dior criava o “New Look”, de cintura fina e saia evasé, Cristóbal criava os vestidos chemise sem cintura marcada, silhuetas que mostravam duas facetas da mesma mulher, justos na frente e largos atrás, e  introduzia tecidos e texturas que permitiam novas abordagens e modelagens para as suas criações. Por muito tempo, a Balenciaga parecia insubstituível. Até que em 1968 Cristóbal retirou-se da marca, deixando um legado difícil de ser mantido no mesmo nível. O estilista Michel Goma entrou e em 1987, e colocou a marca em um patamar mais acessível com a linha de prêt-à-porter. Em 1992, o próximo estilista a assumir, Josephus Melchior Thimister, levou a grife de volta para um cenário mais elitista. E assim foi, sem grandes viradas, até que em 1997, um jovem de apenas 26 anos assumiu a direção criativa e mudou a história da Balenciaga.  Ghesquière  já trabalhava na empresa desenhando ternos fúnebres para os japoneses.

    Looks do desfile de Verão 1999 da Balenciaga ©Reprodução

    Sob seu comando, a marca tornou-se desejada e concorrida, o que resultou em um projeto de expansão que incluía linhas masculina, de acessórios e sapatos. Entre os muitos superlativos usados para definir as coleções da Balenciaga, um deles sempre aparece: surpreendente. No Verão de 1999, o público aplaudiu um desfile etéreo, mas forte e estruturado, que marcava o regresso de uma nova Balenciaga. Seguiram novos tecidos, novas tecnologias, novas silhuetas e novas interpretações do legado de Cristóbal, aliadas ao olhar visionário de Ghesquière.

    Campanha da coleção de Verão 2003 da marca, inspirada no surf e confecionada em neoprene ©Reprodução

    Inverno 2006 da Balenciaga: memorável pela sua perfeita e moderna reinterpretação do conceito de silhuetas de Cristóbal Balenciaga ©Reprodução

    Verão 2008, florais e metalizados na passarela ©Reprodução

    Cristóbal dizia que só mulheres fortes usariam a sua marca e Nicolas seguiu essa diretriz. Não só nos seus designs como na filosofia que construía para a marca, associando as tradições franco-espanholas de Cristóbal a uma estética futurista inspirada em ciência e esporte. O perfil de mulher que escolhia para representar a grife também era bem autêntico, como a atriz e cantora Charlotte Gainsbourg. “Ela é parte da minha história pessoal”, disse certa vez à imprensa internacional. “Nascemos no mesmo ano e eu cresci conhecendo-a. Óbvio que ela não me conhecia, mas eu a conhecia como qualquer outro garoto na França”. A mais recente musa da marca, rosto do perfume Florabotanica, é a sensação Hollywoodiana Kristen Stewart, o oposto de Charlotte, escolhida pouquíssimo tempo antes do anúncio da despedida de Ghesquière. Estranho, não?

    Nicolas e a sua eterna musa Charlotte Gainsbourg ©Reprodução

    Em entrevistas recentes, Nicolas dá indícios de que gostaria de abrir uma linha própria. Mesmo sem a Balenciaga, Nicolas certamente continuará no topo da pirâmide fashion e sempre motivo de interesse da imprensa especializada. Ainda não há uma confirmação de quem deve assumir o posto de diretor criativo da Balenciaga.

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