Cena de “A Toda Prova”, novo filme de Steven Soderbergh ©Reprodução
Steven Soderbergh gosta de correr riscos, e mostra isso claramente nos mais de 20 filmes que integram seu bem sucedido, mas longe de unânime, currículo. Nesta sexta-feira (13.04), estreia no Brasil “A Toda Prova” (“Haywire”), o mais recente longa-metragem do diretor americano, que convocou a lutadora de MMA (Mixed Martil Arts, ou Artes marciais mistas, em português) Gina Carano para viver Mallory Kane, uma agente que trabalha para uma instituição particular especializada em resgatar, sequestrar e até matar a mando de seus clientes que, depois de traída por um membro de sua própria equipe, embarca em uma jornada de vingança.
– Trailer de “A Toda Prova”, #1:
O roteiro do filme, escrito por Lem Dobbs, não é muito diferente do que já foi visto em dezenas de outros thrillers, mas Soderbergh usou de sua ampla rede de contatos para, em contraposição à inexperiência de Carano, fortalecer o longa-metragem com um elenco de coadjuvantes talentosos (e mais familiares ao público) como Ewan McGregor, Michael Fassbender, Antônio Banderas, Michael Douglas e Channing Tatum. A cinematografia e a edição – produzidas também por Soderbergh, sob o uso de pseudônimos – aliadas ao conjunto de nomes famosos, no entanto, não são o bastante para distinguir “A Toda Prova” das películas da trilogia Bourne ou das franquias James Bond e Lara Croft.
Gina Carano parece ser a grande justificativa para a produção de “A Toda Prova”, que, de acordo com a “Folha de S.Paulo”, arrecadou menos de US$ 19 milhões (R$ 34 milhões) nos Estados Unidos. Soderbergh afirmou em entrevista ao jornal brasileiro que ideia para o longa-metragem surgiu após ver a lutadora americana em ação no octógono (o ringue do MMA) e que “se ela tivesse dito não, não haveria filme”. Como já havia acontecido em “Confissões de uma Garota de Programa”, de 2009, protagonizado por Sasha Grey, uma ex-atriz pornô, o diretor americano parece querer impor as suas obras um hiper-realismo que ignora a recepção da crítica ou a arrecadação das bilheterias.
Poster de “A Toda Prova”, novo filme de Steven Soderbergh ©Reprodução
As cenas de luta e perseguição do filme são realmente um show à parte: Carano, além de muito bonita, é extremamente hábil e boa em sua profissão original. Isso, no entanto, não é suficiente para manter a qualidade da trama que, em alguns momentos, carece de roteiro e é arrastada por mais tempo do que deveria. Se a intenção de Soderbergh, que já ganhou o Oscar de “Melhor Direção” em 2000 por “Traffic: Ninguém Sai Limpo” e a Palma de Ouro em 1989 por “Sexo, Mentiras e Videotape”, é fazer puro entretenimento, especialmente direcionado ao público masculino, parecer ter conseguido com “A Toda Prova”.
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