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    “Shame”: um papo entre Steve McQueen e Michael Fassbender
    “Shame”: um papo entre Steve McQueen e Michael Fassbender
    POR Redação

    Steve McQueen e Michael Fassbender ©Reprodução

    A degradação da existência humana por meio do sexo ou da carência patológica. As incontáveis e ilimitadas possibilidades de uma metrópole. O descompromisso latente da sociedade contemporânea. Essa tríade pesada é o que torna “Shame” um filme tão arrebatador e fonte de uma reflexão tão profunda e dolorosa sobre como levamos displicentemente nossas vidas. O descontrole de Brandon Sullivan, personagem vivido por Michael Fassbender, tem sua fonte na libido e na abdicação do superego, mas é um protótipo, visto sob uma lente de aumento, da realidade estéril pós-Guerra Fria. Steve McQueen, artista plástico britânico que se arrisca agora como diretor de cinema, conseguiu com seu segundo longa-metragem – o primeiro foi “Hunger”, de 2008 – expor problemas que vão muito além da compulsão sexual.

    Ao abordar a rotina viciada de um habitante de Nova York e sua irmã desesperada por afeto, o drama visceral dirigido e escrito, em parceria com Abi Morgan, por Steve McQueen aborda elementos negligenciados pela indústria do cinema. De acordo com a revista “Dazed & Confused”, que entrevistou McQueen e Fassbander em sua edição de fevereiro, a compulsão sexual atinge cerca de 3% a 6% da população adulta dos Estados Unidos. No entanto, a doença ainda não consta no Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, catálogo desenvolvido pela Associação Americana de Psiquiatria. A atuação de Fassbender lhe rendeu o prêmio de Melhor Ator no Festival de Veneza, mas também pôs luz sobre o drama vivido pelo protagonista de “Shame”.

    Para debater a questão – e falar sobre a parceria que começou em “Hunger” – a “Dazed & Confused” uniu McQueen e Fassbander, criador e intérprete da “criatura”, em uma conversa reveladora, que pode ser conferida abaixo:

    Steve McQueen: Quando você fez o teste para “Hunger”, eu acho que, na verdade, julguei você! Eu pensei: “Quem é este sujeito?”. Você chegou com um pouco de presunção, um pouco de atitude. Eu pensei: “Eu não sei se eu gosto deste cara”.

    Michael Fassbender: É porque eu pensei que você estava fazendo um remake de “Saturday Night Fever”…

    SM: Teste errado! Não, de verdade, minha primeira impressão foi: “Ele realmente quer estar aqui?”. Eu não estava tão certo. E quando você voltou para outro teste no dia seguinte, houve uma transformação – você era uma pessoa totalmente diferente: muito comprometido e cativante. E eu pensei: “Este cara pode interpretar Bobby Sands [líder do IRA que morreu em decorrência de uma greve de fome]”.

    MF: Em termos de estourar no cinema e protagonizar filmes, “Hunger” certamente mudou a minha vida. Mas eu não estava me sentido tão frustrado nos anos anteriores à “Hunger” – os anos realmente frustrantes foram quando eu não estava conseguindo trabalhando nenhum. Quando você é apaixonado por um trabalho você só quer uma chance de fazê-lo, então ser um ator freelancer já é o suficiente. Mas eu nunca pensei em desistir.

    SM: Eu “tropecei” e me apaixonei por fazer filmes, não glamourosamente. Era só uma destas coisas que eu queria fazer, em particular porque o assunto pedia. Fazer filmes é muito sobre contas histórias. Se eu faço arte ou filmes, trata-se de envolver a audiência.

    Os pôsteres de “Hunger”, de 2008, e “Shame”, de 2011 ©Reprodução

    MF: Quando você veio para mim com a ideia [de fazer “Shame”], eu pensei: “Isto é autobiográfico?” (risadas). Não, foi como: “Wow, assunto interessante” – relevante para os nossos tempos e também para a vida nas cidades. A isolação de viver em uma metrópole e o acesso ao excesso. Há esta ideia da cidade ser 24h/7 dias da semana e seja qual for a coisa que você curte, ela está lá de uma forma ou de outra.

    SM: Com “Shame”, eu escrevi o roteiro com Abi Morgan. Eu realmente não sabia quem ela era. No primeiro encontro, tínhamos uma ou duas horas agendadas, mas acabamos conversando por três horas e meia. Nós nos demos bem muito rápido – nós gostávamos de desafiar um ao outro. Nós continuamos conversando sobre internet. Então começamos a falar de pornografia e compulsão sexual, e aí as coisas começaram a se unir como uma bola de neve. O período de pesquisa foi uma coisa fantástica de fazer com Abi – foi quase como ser Columbo [série policial americana] ou Miss Marple [personagem de Agatha Christie].

    Eram duas pessoas entrando em situações que eram realmente difíceis e embaraçosas, conversando com pessoas que realmente passavam por muita dor. E nós pensamos que seria maravilhoso se essas pessoas fossem reconhecidas de alguma forma. Através de conversas com pessoas que são viciados em sexo, a palavra “vergonha” [“shame”, em inglês] continuou surgindo. Quando essas pessoas saíam desses longos, prolongados encontros sexuais, havia um grande sentimento de ódio por si mesmo e, claro, vergonha.

    MF: Eu não conhecia muito sobre o assunto antes, fora as poucas pessoas que haviam admitido o problema para a imprensa. Mas conhecer de verdade as pessoas, e uma pessoa em particular… eu fiquei muito grato que alguém estava aberto e corajoso o suficiente para me dar um insight sobre isso. Então aí foi uma questão de tratar o assunto com o máximo respeito e não se esconder atrás de certas características ou caricaturas de qualquer gênero. […]

    SM: É definitivamente um vício, mas porque é sexo há um estigma agregado. Nos meus dias, o único acesso à pornografia era a prateleira de cima do jornaleiro. Agora você pode clicar o mouse e ver pornôs a qualquer hora do dia. Então a internet foi muito importante em retratar a aparelhagem de um viciado em sexo. Novamente, é o acesso a qualquer coisa que você queira em qualquer horário do dia. Brandon [o protagonista de “Shame”] não é de modo algum exótico ou uma aberração – ele é um de nós.

    Para ler a entrevista na íntegra, clique aqui.

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