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    Pensata da Palô #2: nada se cria, tudo se copia!
    Pensata da Palô #2: nada se cria, tudo se copia!
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    E já que um dos personagens da semana foi o Chacrinha, por conta do programa que passou na TV Globo e do documentário “Alô Alô Terezinha”, podemos começar citando um dos aforismos mais conhecidos do Velho Guerreiro, a de que “nada se cria, tudo se copia”, interpretando como sempre com liberdade a frase de Lavoisier, de que “na natureza nada se cria, tudo se transforma”.

    2011/10/1107_chacrinha-lavoisierNa pintura original de Jacques-Louis David, o cientista Lavoisier figura ao lado de sua esposa. No nosso remix, ele divide a cena com Chacrinha © Divulgação/MetMuseum

    Pra gente, aqui da moda, este viés vem valendo há tempos. Até porque, o próprio surgimento do conceito da moda se deu a partir da cópia. Lá no aparecimento da vida nas cidades, os burgueses copiavam as modas e modismos dos nobres, que por sua vez para deles se diferenciarem inventavam novas modas e modismos, e por aí vai.

    Não precisa saber muito de história de moda para saber que, de lá para cá, a velocidade dessas mudanças se acelerou deveras, e a velocidade das cópias também.

    Quando comecei a escrever sobre moda, em 1988, e sobretudo em meados dos anos 1990, quando o Brasil começou a querer mostrar sua cara como lançador de moda, estive no front dos que lutavam por autoria e criação legítimas. Precisávamos construir a identidade da tal Moda Brasil; precisávamos construir uma auto-estima que passasse pelas mãos de quem desenhava as roupas e pelas mãos de quem fosse pegar a carteira para pagar por elas. Que não se achasse que o que custava em moeda estrangeira fosse melhor. Para isso, precisaríamos aniquilar a mentalidade colonizada que nos foi imposta, de que só o que vem de fora é bom.

    2011/10/1113_fever-rayKarin Dreijer Andersson, do Fever Ray, e seu famoso make de esqueleto © Divulgação

    Nos dias de hoje, personagens da elite e não apenas da elite da moda se sentem confortáveis e orgulhosos o suficiente para dizer até com a boca cheia o nome de uma marca brasileira quando perguntados de quem é sua roupa – ai, que casaco lindo; que linda sua blusa, etc.

    Em 2010, confesso que me incomoda menos quando vejo “citações”, influências, “inspirações” de marcas internacionais em coleções nacionais. O jornalista Godfrey Deeny super concorda! Quem não tem Balenciaga caça com gato; quem não pode pagar Lanvin troque por lebre. E pense pelo lado bom: podemos pagar com nossos reais e ainda parcelar no cartão ou no cheque em zilhões de vezes.

    2011/10/1105_filhas-de-gaia-inverno-2010As armaduras com florais da grife Filhas de Gaia para o Inverno 2010 © Agência Fotosite

    Também acompanho o mundo das artes, em que o copy-left, as apropriações, as referências vem sendo chacoalhadas sob o conceito do remix. Quem fez primeiro, quem fez o quê… Tudo isso me importa menos.

    2011/10/1108_mona-lisa-vik-munizAs Mona Lisas do brasileiro Vik Muniz: geleia de morango, manteiga de amendoim e quinhentos anos as separam da original de da Vinci © Divulgação/MASP

    Como na natureza, o supermercado de estilos dos 90 deu lugar ao liquidificador de tendências: inverno, verão, Prada, Marni, Marc Jacobs. UI! Como diria Regina Guerreiro.

    A questão é: assumir. Se assumir também. E não se assumir como o último grito da moda, a próxima cocada preta. Assumir também influências. E a angústia delas. Para os mais cabeçudos, recomendo o leitura de “A Angústia da Influência”, do critico literário Harold Bloom.

    É digno assumir suas influências e suas referências. Afinal, estamos em plena era do remix. E do Google e do Youtube. E para remixar outra frase famosa: uma saia é uma saia é uma saia. Tudo já foi feito. Ou não?

    2011/10/1106_banksy-rouba-picassoO mote de Pablo Picasso – “os maus artistas imitam, os grandes roubam” – na pedra filosofal “furtada” pelo britânico Banksy © Reprodução

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