© Romeuuu
Por Helena Montanarini
Blogs nasceram como uma forma de expressão de opinião neutra, imparcial e, porque não dizer, descompromissada em relação ao número e tamanho de posts. Muitas vezes, manter um blog era uma atividade paralela da vida do blogueiro, usada como modo de dividir experiências e descobertas. O número de acessos diários virou motivo de competição entre blogs, e logo ganhou assédio de empresas que viam o espaço como forma mais barata e direta de anunciar seus produtos para nichos de mercado determinado de acordo com o assunto do blog. E daí chegamos no ponto crucial: assim como para uma marca parece muito mais interessante estar presente no editorial de revistas e jornais do que em forma de anúncios (pois significa que teve o aval de profissionais da área para a sua publicação), estar presente dentro dos posts parece ter mais valor do que apenas em um banner em algum canto do blog.
O papel de um jornalista é levar informação para seus leitores, e estes devem ser informados quando uma “opinião” é imparcial! Novas marcas de sapatos e joias, por exemplo, com conceito de criação e informação de moda são “esquecidos” em favor de marcas com poder de anúncio.
Como o mercado de blogs está cada vez mais pulverizado (a cada dia nascem dezenas deles), eles são o elo fraco dessa cadeia, aceitando praticamente qualquer oferta que apareça. É o olho maior que a barriga, iludibriados pelo dinheiro que pode entrar. Assim, anunciantes se tornam os únicos “queridinhos” dos autores, e o leitor leigo passa a acreditar em informações compradas.
Outro ponto a ser questionado é a falta de assunto para alimentar o veículo. O “look do dia” ou “esmalte da semana” eleva os/as autores(as) do blog à tentativa de transformarem-se em ícones. É a famosa busca pelos 15 minutos de fama. Hoje o mercado de moda brasileiro está aquecido, com falta de profissionais qualificados em todas as áreas. Falta profissionalismo no mercado como um todo. O boom dos blogs só vem confirmar isso, quando opiniões parciais passam a ganhar maior prestígio do que profissionais.
Não podemos, no entanto, culpar apenas os blogueiros. Os leitores e seguidores de blogs também parecem não se importar com essas informações passadas, pois continuam dando acessos. Seja por curiosidade, seja por diversão (conheço várias pessoas que entram para dar risada dos posts que os autores consideram “importantes”), seja pelo fato de faltar no mercado nacional sites (e porque não dizer blogs) comprometidos em entregar conteúdo sério e de fácil entendimento para seus leitores.
Isso dito, queria me colocar não contra blogs de maneira em geral, mas sim contra a falta de respaldo, cultura e ética jornalística de vários autores. Para se ter opinião, é necessário ter informação e repertório.
Helena Montanairini é consultora de moda e estilo