A Maison Martin Margiela é uma casa enigmática e muito low profile. A começar por seu fundador, Martin Margiela, de quem quase não existem fotos, tampouco registros de aparições públicas. E o mistério continua através de sua programação visual, com etiquetas numéricas, os jalecos brancas usadas pelos seus colaboradores e a estética meio desconstruída e “inacabada” das roupas. Mas nada é ao acaso. A filosofia da marca, criada em 1988, é o que define todas essas regras e conceitos e transformou a Margiela em marca cult e sinônimo de vanguarda na moda e no design.
Esta semana foi anunciada a entrada da estilista Ivana Omazic, que foi diretora criativa da Cèline antes de Phoebe Philo. Ela foi anunciada como uma das chefes de criação, mas o cargo oficial ainda não foi revelado.
Por conta da parceria com a sueca H&M, a marca saiu do estatuto underground e passou para a boca (e armário) de muito mais gente. Para evitar que olhemos para as peças com afastamento, a “Vogue” britânica reuniu as explicações dos códigos que identificam a maison. Veja abaixo:
O designer: Martin Margiela fundou a casa em 1988, após ter se formado na Academia de Artes de Antuérpia, uma das escolas de moda mais conceituadas do mundo, seguido por um período trabalhando para Jean Paul Gaultier. Margiela se recusa a tirar fotos suas e nunca apareceu ao final de seus desfiles. Em 2009, o empresário de moda italiano Renzo Rosso, dono de um império que inclui Diesel, Vivienne Westwood e a própria Maison Martin Margiela, anunciou que o designer fundador tinha saído e deixado a marca a uma equipe criativa.
Os jalecos brancos: Desde as vendedoras de loja até aos RPs da marca presentes nas semanas de moda, toda a equipe da casa usa casacos de laboratório brancos que significam união e trabalho coletivo. A casa responde sempre como Maison Martin Margiela e não pelo nome de um designer apenas.
O conceito: A Maison surgiu como uma marca reacionária contra a high fashion arrumadinha e padronizada dos anos 80 e mantém esse DNA até hoje, apresentando nas passarelas uma estética desconstruída e autoral. Outra característica da marca é dar total ênfase à roupa, mandando muitas vezes as modelos para a passarela com o rosto coberto, cultivando o anonimato nas coleções.
As etiquetas: Até a saída de Margiela, as etiquetas da grife sequer carregavam o nome “Martin Margiela” e eram identificadas apenas com números. O nome da marca passou a ser identificado em algumas peças após a saída do designer, junto com os números do 0 ao 23, – embora nem todos sejam utilizados-, conforme o tipo de produto.
As costuras: Em todas as peças da marca, as etiquetas são costuradas com quatro pontos bem visíveis do lado externo. Os pontos, normalmente em cores contrastantes com a cor do tecido, não devem ser arrancados – os mesmos representam exclusividade, e carregam neles o DNA de contradição às regras da moda, um dos pilares da marca.