Por Juliana Lopes, em Milão
Quando Giorgio Armani, 77, chega no final do desfile para agradecer, e dar um tchauzinho, a sensação é além de uma mera constatação de agradecimento. Mesmo que você tenha achado a coleção chata, antiga, ou que for. Ver Giorgio Armani é como ver o Silvio Santos. Gostando ou não dos programas do Silvio, olhamos pra ele com certa simpatia. São personagens de um tempo. Roberto Cavalli é seis anos mais novo, e tem um ar de mafioso fashion, então causa um pouco menos de candura no coração que Giorgio Armani. Mas ele também é uma espécie de Silvio Santos da moda.
Antes de começar o desfile, geralmente, os designers estão extremamente concentrados no backstage olhando cada modelo. Os italianos Stefano Gabbana e Domenico Dolce, entre outros, já apareceram fazendo styling. Um exemplo mais próximo da gente, o brasileiro Pedro Lourenço. Em Paris, o moço fica no backstage ralando: passa a roupa, arruma o fio que está desfiando. Mas, é isso: no que pensa um criativo antes de ver sua coleção na passarela? Na coleção, né?
Bom, com Roberto Cavalli é diferente. Antes de começar o desfile, ele está pra lá e pra cá na sala, fazendo uma super social. Vai dar um beijinho nas famosas. Concede entrevistas na televisão. Pede pra alguém sair da poltrona pra dar lugar pra outra pessoa. E o desfile atrasa quase uma hora. E, FFW já acompanhou de perto, ele pode perfeitamente acender seu cigarro no cantinho da passarela pra relaxar enquanto as modelos passam. Quem vai reclamar do “cavaliere”? (cavalheiro, um modo super nobre de ser chamado). E que ninguém se atreva a compará-lo com Armani na frente dele. “Existe um abismo que nos separa. Veja o hotel que ele fez, parece um hospital psiquiátrico!”, disse Cavalli no backstage desta última temporada, ao jornal italiano “Reppublica”.
Já o lado “programa de auditório” dos desfiles de Armani tem bastante a ver com o que ele causa na plateia. Que ama Armani, loucamente. FFW já observou uma vez os tais “aplausinhos”. Alguns looks causam esse furor. E é difícil descobrir se é um acaso do amor fashion ou algo estrategicamente planejado pelos PRs da grife, já que não é muito comum as pessoas aplaudirem no meio do desfile, a não ser por conta de um acontecimento extraordinário…
