FFw RADAR: conheça a Undelete
Projeto de Willian Andrade reflete sobre expressão e o senso de necessidade
FFw RADAR: conheça a Undelete
Projeto de Willian Andrade reflete sobre expressão e o senso de necessidade
O nosso colaborador Felipe Vasconcelos em conversa com o criativo Willian Andrade sobre a Undelete. Na entrevista, que você confere a seguir, eles discutem sobre criatividade, necessidade, expressão e, principalmente como vivência e realidade refletem em seu processo criativo.
Quem faz?
Willian Andrade, 31 anos.
Onde reside, onde começou a marca?
São Paulo.
Qual sua formação?
Sou formado em estilismo, coordenação e gestão em moda pelo SENAC, visagismo pelo Anhembi Morumbi e especializado em modelagem pelo ENAI e Senai.
Quando começou a marca em si? Como surgiu a ideia/vontade…
A Undelete surgiu a partir de algumas necessidades, por exemplo não conseguir na época um emprego mas também a necessidade de me expressar de alguma forma.
Desde criança sempre estive conectado com as artes e com uma visão empreendedora de negócio, por ter um pai artista plástico quanto por então esse universo artístico sempre me cercou de várias formas e criar a marca não quer dizer que eu vá manifestar a minha criatividade apenas em vestuário mas isso é comportamental porque qualquer moda pode ser trabalhada sob várias outras questões então a marca surge já a partir desta necessidade de me expressar para o mundo sendo eu mesmo como a busca de sair da matrix, a Undelete surge à partir dessas necessidades pessoais onde eu tenho que trabalhar pra me ver no meu trabalho enquanto expressão.
Quanto a questão do ser empreendedor, acho que eu sempre fui empreendedor desde criança na época de escola onde eu vendia cartelas de tabuada, canetas ou quando vendia pulseiras quando minha mãe ia para o grupo de oração às quintas-feiras então eu também tive disso muito cedo, eu sempre quis fazer as coisas acontecerem e precisava de dinheiro pra isso sendo também fazendo um cabelo, uma maquiagem então a minha posição de vida enquanto preto e LGBT filho de classe trabalhadora com essa veia empreendedora fez com que eu aprendesse a fazer muita coisa para sobreviver e encontrar a ordem em meio ao caos.

Como define o seu trabalho, sua estética, seu universo criativo?
A minha estética, minha arte em geral vem desse caos, de um puro caos.
Ela vem do agito, da ânsia de viver, do prazer de estar e de ser você independente do que as pessoas fazem. E aí quando você se encontra com tantos sentimentos você enxerga aquilo, o caos só que dentro do caos você também pode encontrar uma ordem, então o caos e a ordem são a definição do meu trabalho, que dentro do caos que é você encontrar a ordem de você sentar e praticar o teu, o meu processo criativo, essa é a minha ordem dentro do meu mundo que é o meu caos, então a definição da marca é isso, um caos de tudo que é possível dentro da criatividade e a ordem de organizar tudo isso.
A minha estética se baseia em estar cada vez mais próximo ao mundo real dos meus clientes sabe por exemplo quando eu vou fazer as campanhas e fotografá-las eu gosto sempre de observar os pontos de ônibus, no ponto de ônibus se você reparar várias pessoas estão em várias posições esperando o ônibus passar e essa posições elas estão posicionadas daquela forma para se sentirem confortáveis então eu sempre me inspiro nas poses dessas pessoas nos pontos de ônibus porque é justamente a realidade.
Você colocou tudo aquilo, todo aquele caos da cidade e do que acontece nela na ordem de um negócio, por isso que eu quero definir a marca exatamente dessa forma.
Considero meu trabalho um tanto utópico justamente pela busca de uma inclusão radical, uma busca dessa liberdade de ser, do autoconhecimento, da auto responsabilidade, por ser real tanto com você mesmo como quanto para ser real com as outras pessoas, essa é a minha definição de trabalho. Undelete é isso, é não ‘delete’ quem você é e eu até falo “Undelete who you fuckin are” seja você mesmo, mas como é ser você mesmo?É um trabalho que exige exercício, todos os dias exercitar algo novo que te faça bem e que você vê que esse bem impacta ao seu redor até que então se torne um hábito, meu trabalho é isso e vem muito de dentro, é comportamento mesmo de cada indivíduo desde a minha criação até a minha conexão com meus clientes.
Quais os próximos passos?
Os próximos passos da marca agora são focados na sua expansão, atualmente temos convites para exposições, eventos, assinatura de produtos e estamos com planos de montar e estruturar um escritório showroom em São Paulo não somente para abrigar o ateliê mas também para receber e realizar workshops artísticos de preparos e desenvolvimento criativo, esse espaço também é pensado pra que possamos dar a experiência para os clientes de executar junto a marca as artes que desejarem nas suas peças para além de seguir um plano de estruturação envolvendo contratações e investimentos em gestão e administração caminhando lado a lado com o processo criativo para que possamos expandir de fato, esse é o objetivo.
Esse ano também fechamos parcerias com a Vicunha Têxtil e fizemos parte da Presença Preta, um projeto da Vivo onde eu assinei uma coleção de cangas nesse último Lollapalooza Brasil, para o festival também recebemos muitas encomendas de peças, cerca de 40, toda essa evolução é trabalho coletivo, principalmente através das nossas parcerias como com a Van Nobre do QG Nobre. Além disso, também lançamos a “Agressive Sophisticated”, uma coleção que esgotou praticamente em uma semana com total DNA fashion da Undelete Project, o upcycling.
Onde as peças podem ser encontradas?
Hoje é possível encontrar a marca no Instagram, estamos construindo nosso site que vai estar disponível muito em breve, além do Instagram as peças da Undelete Project podem ser locadas no QG Nobre, espaço da nossa parceira a PR e stylist Van Nobre essas peças fazem parte do acervo do espaço, nossas peças também podem ser encontradas no showroom da Vicunha Têxtil, também nosso apoiador e com quem já firmamos parcerias em alguns workshops e oficinas anteriormente.
Se tivesse que definir em uma palavra suas peças, qual seria?
Apesar de crer que é no caos que se encontra ordem e liberdade eu diria “autoresponsabilidade”, “autoconfiança”, “autoconstrução” e me passam várias palavras pela cabeça até a “liberdade” mas eu acho que é algo que se encontra em processo de construção porque eu falo muito que a Undelete é um corpo, para mim a marca é um filho que vai evoluindo e crescendo com o tempo então eu acho legal citar “autoconstrução” que é uma palavra que define muita a marca mas existem duas, a “expectativa” e a “realidade”, mas no caso da Undelete Project a melhor palavra é “realidade”.
Porque? Porque assumimos os riscos, os erros e falhas tanto nas execuções quanto quem somos. Pois só assim somos capazes de enxergar a realidade e corrigir o que deve ser corrigido no caminho de viver para que possamos continuar sendo nós mesmos a cada minuto de nossas vidas então a palavra é “realidade”.