O FFW Brasil Fashion Awards é o novo prêmio da FFW dedicado à moda brasileira. A iniciativa nasce como evolução do FFW Melhores do Ano, realizado desde 2023, e foi pensada para reconhecer quem está elevando a criatividade e o design de moda no país e, ao mesmo tempo, olhar para projetos que vêm transformando o setor por meio da inovação e da elevação dos padrões de sustentabilidade.
O prêmio, que terá sua grande final em março de 2026, é uma correalização do FFW e da Visionary Brazil — plataforma criada por Ana Isabel de Carvalho Pinto e dedicada a impulsionar novos negócios na moda e na economia criativa, contribuindo para a premiação com visão estratégica, estrutura e foco em desenvolvimento de longo prazo.
Conversamos com Augusto Mariotti, diretor e fundador da FFW e idealizador da iniciativa, e Ana Isabel de Carvalho Pinto, à frente da Visionary para conhecer mais sobre o novo prêmio.
Como surgiu a ideia de realizar o FFW Brasil Fashion Awards?
Augusto Mariotti: O prêmio nasce diretamente da experiência do FFW Melhores do Ano, que fizemos em 2023 e 2024. Naquele momento, elegemos um shortlist de nomes em várias categorias para reconhecer quem mais gerou impacto na moda durante o ano. A partir da nossa curadoria editorial abrimos para o voto popular. A resposta da comunidade foi muito impressionante. Recebemos mais de 200 mil votos. A repercussão e engajamento entre audiência e prêmiados foi enorme. Ficou claro que existe apetite por reconhecimento estruturado, com critério, mas também liberdade. O FFW Brasil Fashion Awards é a evolução natural disso: mantém a celebração, mas ganha responsabilidade de construir referências nacionais de forma recorrente.
Por que um prêmio é importante para a moda brasileira – e por que agora?
Augusto Mariotti: Historicamente, não é só a moda que se estrutura em torno de prêmios: na economia criativa, cinema, arquitetura, literatura, música, todos usam mecanismos de prêmios, rankings e awards para consolidar mercados, criar narrativas e apontar quem está movendo a régua. Quando olhamos para a moda, o impacto e o legado de prêmios como o CFDA e o Fashion Awards britânico são inegáveis. Eles ajudam a legitimar nomes, atrair investimento, organizar a conversa. No Brasil, a gente tem espaço e necessidade disso: a FFW é uma plataforma já reconhecida por fomentar a moda nacional e está interessada ainda mais em reconhecer onde o Brasil está aportando sua singularidade, construindo referências do Brasil para o Brasil.
O que diferencia o FFW Brasil Fashion Awards de outros reconhecimentos já existentes?
Ana Isabel de Carvalho Pinto: O que realmente diferencia o FFW Brasil Fashion Awards é o compromisso com a moda brasileira como um ecossistema vivo — não apenas como estética, mas como cultura, indústria e futuro.
Mais do que reconhecer talentos já consagrados, o prêmio nasce para apoiar, incentivar e fortalecer quem constrói a moda nacional no dia a dia: designers, marcas e iniciativas que carregam identidade, visão e consistência. Nosso olhar vai além do produto final. Observamos trajetória, impacto, coerência e a capacidade de transformar criatividade em negócio sustentável.
O FFW sempre teve um papel fundamental na construção de narrativas da moda brasileira. O prêmio amplia esse papel, funcionando como uma bússola para o mercado — valorizando quem ousa, quem inova e quem sustenta essa inovação com estrutura, ética e visão de longo prazo.
Como funciona a parceria entre FFW e Visionary dentro do prêmio?
Augusto Mariotti: Do lado do FFW, trazemos a força e autoridade da plataforma, a comunidade e um olhar curatorial construído ao longo de anos acompanhando a moda brasileira e internacional. Nosso papel é garantir coerência de narrativa e de relevância criativa.
Ana Isabel de Carvalho Pinto: A parceria entre FFW e Visionary nasce de uma complementaridade muito clara de propósitos. O FFW traz o olhar curatorial, cultural e editorial que ajudou a construir a narrativa da moda brasileira ao longo dos anos. A Visionary entra com uma visão de negócio estratégica e estruturante.
A Visionary olha para o prêmio como uma ferramenta de fomento: como transformar reconhecimento em continuidade, prestígio em oportunidade real e talento em negócio sustentável. Nosso papel é ajudar a retroalimentar a cadeia da moda, aproximando criadores de varejistas, plataformas, parceiros e estruturas que permitam crescimento de longo prazo.
A correalização existe justamente para unir essas duas forças — curadoria e visão de mercado — garantindo que o prêmio não termine na noite da celebração, mas gere impacto concreto, conexões e caminhos possíveis depois dela.
Que tipo de iniciativas o prêmio pretende destacar nas categorias?
Augusto Mariotti: As categorias foram desenhadas para contemplar tanto a excelência criativa e de design quanto iniciativas que impulsionam a moda brasileira pela inovação, pela sustentabilidade e pelo negócio. Vamos olhar para quem está elevando o traço, a construção de imagem, a cultura de moda – mas também para quem está experimentando novos modelos, novas relações com cadeia produtiva, novas formas de circular desejo e criar impacto positivo.
Ana Isabel de Carvalho Pinto: Sempre com um olhar de impacto e consistência. Não é apenas quem faz barulho, mas quem transforma esse barulho em estrutura e continuidade. Queremos reconhecer iniciativas que apontem caminhos reais para o mercado e ajudem a orientar como a moda brasileira pode crescer de forma mais sólida e sustentável.
Há algum mecanismo concreto de fomento dentro do prêmio?
Ana Isabel de Carvalho Pinto – Sim. Em uma das categorias dedicadas a novos talentos, o FFW Brasil Fashion Awards vai selecionar um nome emergente para receber um pacote de R$ 100 mil voltado ao desenvolvimento do negócio de moda. Serão R$ 50 mil em aporte financeiro direto, somados a mentoria estruturada e impulsionamento nas plataformas do FFW. A proposta é oferecer um apoio concreto — que ajude essa pessoa empreendedora a organizar o negócio, acessar novas oportunidades e ganhar escala e musculatura para crescer de forma consistente.
Augusto Mariotti: É importante que o prêmio não pare na cerimônia. Esse tipo de iniciativa nos ajuda a garantir que algumas histórias tenham mais chance de continuar existindo e de chegar a mais gente.
Como será o processo de escolha – júri, voto popular, calendário?
Augusto Mariotti: Teremos um corpo de jurados plural, com nomes que trazem diferentes perspectivas – criação, imagem, negócios, impacto – para a construção dos finalistas e a escolha de quem será reconhecido. Nesta primeira edição contaremos com a participação de Paulo Borges, Olivia Merquior, Lilian Pacce, Daniela Falcão, Dudu Bertholini, além da Ana e eu. Em paralelo, algumas categorias seguem com voto popular, porque ouvir a audiência faz parte do DNA da FFW e da forma como entendemos relevância e construção de comunidade.
Ana Isabel de Carvalho Pinto: É esse equilíbrio entre o olhar qualificado do júri e a participação da comunidade que pode dar densidade e legitimidade ao prêmio. No fim, queremos que o mercado olhe para a lista final e se reconheça nela – e também seja provocado por ela.
Os finalistas do FFW Brasil Fashion Awards começam a ser anunciados em janeiro e a premiação acontece em março, em São Paulo, marcando o início de um novo capítulo para a moda brasileira se olhar, se reconhecer e projetar seus próximos passos como indústria.