O mercado de luxo tem evoluído de uma forma peculiar. Não só é um mercado que não para de crescer mesmo em tempos de crise mundial, como também tem visto novas segmentações no que toca aos seus consumidores e até à definição da palavra luxo. A tendência é que se deem novos significados e novas atribuições ao mercado de consumo de bens de luxo e que o perfil dos seus consumidores mude. Hoje em dia, por exemplo, esse mercado atende cada vez mais o público masculino.
Foi-se o tempo em que a conversa sobre moda e artigos de luxo pertencia somente às mulheres. Os homens de hoje estão ligados em tendências, moda, beleza e lifestyle e procuram não só fontes de inspiração como marcas que conversem com eles e que atendam aos seus pedidos.
Que são atendidos cada vez mais prontamente. Já falamos do sucesso que a Louboutin teve com a abertura de lojas recheadas de solas vermelhas, só para eles. Segundo Alexis Mourot, CEO da marca francesa, “espera-se que em um futuro próximo, a fatia masculina de vendas chegue aos 15% do total”.
E a Louboutin não está sozinha. A única loja masculina da Hermès em Nova York, que abriu há dois anos, representou, no ano passado, um crescimento de vendas maior do que a média global nos Estados Unidos; as lojas de departamento mais importantes do mundo, como a francesa Printemps, a britânica Harrods e a americana Bergdorf Goodman, redesenharam as suas lojas para dar mais espaço aos artigos masculinos, que cada vez têm mais procura; a Louis Vuitton, que recentemente investiu no setor masculino contratando Kim Jones como diretor de estilo de prêt-à–porter, lançou um serviço de sapatos feitos sob medida na sua loja em Milão.
Outro bom exemplo vem de François-Henri Pinault, CEO da gigante da moda PPR, que reúne marcas como a Gucci, Yves Saint Laurent, Alexander McQueen e Bottega Veneta, que adquiriu a Brioni, marca italiana de alfaiataria masculina, e lançou lojas-conceito masculinas da Gucci e da Bottega Veneta na China, mercado emergente onde se espera um crescimento do setor masculino de “mais de 20% para os grandes nomes de marcas europeias de luxo”, diz Thomas Mesmin, analista de produtos de luxo da CA Chevreux.
E para os homens que estão sedentos por compras, o melhor mesmo é procurar inspirações — e ter quem as ofereça. O Bloomberg, site premium de notícias financeiras e de negócios, irá ser uma dessas inspirações masculinas, com o lançamento no próximo mês da “Bloomberg Pursuits”, uma revista para os usuários do site (90% dos quais são do sexo masculino), que representam umas das fatias mais ricas da sociedade atual. A publicação vai tratar principalmente de lifestyle, mas será um meio para os anunciantes como Hermès, Chanel, Ermenegildo Zegna e Rolls-Royce comunicarem mais facilmente as suas ofertas masculinas ao seu público.
A “Bloomberg Pursuits” irá se distinguir da concorrência pelo seu conteúdo editorial diferenciado. “Os nossos leitores não possuem só bens de luxo. Eles têm total domínio e controle sobre eles”, aponta Vince Bielski, editor da revista bilionária, mais uma vez provando a importância das experiências e não da mera posse na redefinição do conceito de luxo.
Se é tendência para ficar, ou se é fase que passa, o melhor é que as marcas aproveitem a vontade masculina de consumo e procurem responder e se comunicar da melhor forma possível.