Por Paula Rita Saady, em Paris
Muita energia no terceiro dia da semana de moda de Paris, que começou com Balenciaga em um dos desfiles mais rápidos da semana. Apenas cinco minutos foi o que Nicolas Ghesquière precisou para mostrar tudo o que as editoras e o público vão levar meses para decifrar.
Mais tarde, a Balmain foi pelo mesmo caminho, o do speed show. Será uma tendência? Sempre no clima rock-rococó, assinatura da marca, ela encontrou na opulência dos Ovos Fabergé o tema para essa coleção pontuada por ternos e vestidos bordados em pérolas, cristais e outros brocados.
Nas ruas, o que deve pegar mesmo são os tops de corte quadrado, que ficam ainda mais 80’s embalados por hits do Depeche Mode, como “Personal Jesus”, que fechou o desfile.
Já Manish Arora mostrou exímio trabalho em vinil holográfico cortado à laser que formava desenhos de arabescos. No mesmo estilo da Carven, mas menos romântico e com a ajuda de grafiteiros que coloriam a passarela.
Mas o que empolgou mesmo foi Rick Owens. Não era apenas a coleção, mas todo o universo desse estilista, que em 10 anos de trabalho com sua marca, não cedeu à nenhuma pressão do mercado e nem se afastou de seus ideais. Ele não faz nem campanha – não precisa – sua imagem já diz tudo. Do seu ateliê-casa na Place du Palais Bourbon, à sua coleção de móveis ao seus longos cabelos negros de muso dark, todos os elementos ajudam a construir seu universo e nada passa despercebido da imprensa e de seus fãs.
Ontem, em uma sala do estádio de Bercy, de pé direito infinito e decorada por um linha de fogo, ele apresentou uma série de vestidos longos drapeados, mini jaquetas de couro com mangas bufantes, casacos molengos e gorros, que formavam uma tela de aranha no rosto das modelos. É uma mulher high tech, misteriosa, com um pé nos anos 90 e outro na Renascença. A supresa foi a cartela de cores que contou com o rosa salmão, versão fosca do ouro rosa, que está forte nessa temporada. Um street-moulage ao som do hip hop de Zebra Katz, com “Imma Reed”, música tipo chiclete, que vai lotar as pistas. Deu vontade de dançar, a plateia ovacionou e saiu com baterias recarregadas.
E Bernhard Willhelm fechou o dia com um desfile mais do que urbano. Estética artsy, com tecidos manchados e tingimentos originais feitos no Japão. O som era hard techno, nada mais apropriado para acompanhar essas meninas em tênis de plataformas e cabelos moicanos que pareciam saídas de uma noitada em Berlim.
Trilhas incríveis empolgaram os fashionistas, cujo destino foram as inúmeras festas nos clubes mais badalados de Paris. Quando a energia está boa, não dá vontade de voltar para casa.
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