Por Paula Rita, em Paris
A semana de moda de Paris começa e sinaliza a reta final dos lançamentos internacionais para o Verão 2013, e dessa vez com um sabor especial: as estreias de Hedi Slimane como diretor criativo da Saint Laurent Paris, e Raf Simons na Dior. Por serem designers e marcas com um histórico revolucionário na moda, as expectativas são grandes.
O primeiro dia é sempre calmo, mas já dá para sentir o que as pessoas vão usar no inverno que se aproxima. O look da rua é gótico, vamp e com cabelos multicoloridos. As t-shirts e moletons da coleção Egyptofunk, da Balenciaga, são os “it” da vez, nada mais confortável do que esses básicos retrô futuristas.
Anthony Vaccarello foi o convite mais disputado do dia. Com casting e plateia estrelada, ele mostrou mais uma vez sua habilidade em recortar vestidos como se fossem de papel, desvendando novos pontos de sensualidade. É uma coleção sob medida para mulheres de curvas impecáveis, vale dizer.
Mais cedo, os belgas Veronique Branquinho (que não desfilava desde 2009) e Cédric Charlier chamaram atenção pelas formas puras de sua moda elegante e minimalista, coisas que os belgas fazem tão bem. Já o conterrâneo Jean-Paul Lespagnard se inspirou em um suposto Carnaval Belga (sim, ele existe!) e o resultado pareceu um pouco confuso.
No primeiro dia de desfiles também houve a estreia do autodidata Simon Porte Jacquemus. Com apenas 22 anos, ele não passou por nenhuma escola especializada e já está em sua sexta coleção. O seu segredo? A internet. Foi através dela que seu trabalho e a forma irônica de apresentá-lo chamou atenção das editoras de moda. As roupas são minimalistas, e as fotos inusitadas: modelos aparecem como operárias de fábrica ou limpando um canil, por exemplo. No desfile, a passarela era escura e os convidados ganharam lanternas para iluminar os vestidos gráficos e transparentes com pitadas cítricas ao som de eletro francês. O efeito “estrobo” da lanterna funcionou como atitude, mas os fotógrafos não entenderam muito bem.
Já a dupla britânica Aganovich mostrou uma enorme evolução no trabalho, que resultou no desfile mais emocionante do dia. A estética circense que caracteriza o duo veio mais limpa e deu espaço para looks mais trabalhados, que brincavam com jogo de comprimentos, texturas que variavam entre lã e seda, e silhuetas estruturadas. Os ombros volumosos e as calças estilo balão lembravam o figurino de um palhaço estilizado, sem cair no óbvio.
Eles também estrearam o novo Palais de Tokyo, que foi remodelado e reinaugurado, tornando-se um dos maiores espaços da Europa dedicados à arte contemporânea. O Palais será palco da performance fashionista “The Impossible Wardrobe”, concebida pelo diretor do Museu Galliera, Olivier Saillard, e estrelada pela musa andrógina Tilda Swilton, que acontece durante o fim de semana. Um espetáculo de inspiração. E estamos apenas começando.