Por Juliana Lopes, de Milão
O desfile de Outono-Inverno 2012/2013 da Gucci nos faz pensar numa consolidação, e evolução, dos gostos e valores contemporâneos de moda. A sensação é a de que Frida Giannini absorveu muitos elementos atuais e ainda os fez “render” no bom sentido, aproveitar a vanguarda para os próximos anos.
Parece abstrato demais? Vamos aos poucos. Sabe esse approach romântico que a moda tem trazido com muita força, nos últimos quatro anos, principalmente? Um romântico onde algumas vias se misturam: a new-hippie (pensemos em ícones da música como Devendra Banhart e Florence Welch) e a new-romântica (pensemos nos góticos dos anos 80). Ou seja, um romântico solar e um romântico dark, para simplificar.
Foquemos no clima romântico-dark. Entre os italianos, Roberto Cavalli já estava neste caminho em uma das fases da coleção Outono-Inverno 2010/2011. Um pouco mais barroco e animalesco, claro, mas o mood já era esse, com roupas escuras, compridas, que esvoaçam fora do corpo, e um cuidado com texturas (de transparências a bordados) e escolha de cores (que parecem todas irmãs do preto, ainda que sejam dourados, marrons, verdes, azuis ou berinjelas). Outra referência é a maison francesa Dior, mais precisamente no último desfile de John Galliano, a coleção Outono-Inverno 2011/2012. Os primeiros looks da passarela já traziam essa pegada romântica dark.
Nesta temporada a Gucci confirma oficialmente a continuação do mood romântico-dark com todas as letras. “É o romantismo moderno. A sensualidade dramática, o glamour obscuro”, disse Frida Giannini em comunicado para a imprensa. Fala-se em noir, transparências, espírito boêmio, dândi. Estampas de animais exóticos, penas escuras, capas de couro. E o batom escuro? Nada soa extremamente novo, mas ainda é novo.
Tudo isso para dizer que, no fundo, essas mulheres da Gucci poderiam ir juntas para a mesma festa das outras dark-românticas das últimas estações. E ninguém ia se sentir fora do tempo. Porque o mood ainda é este e, pelo que nos mostrou Frida Giannini na passarela, tem conteúdo para durar. O que é bom, num momento em que tantas criações velozes são esquecidas em poucas semanas.