O uso de peles de animais em acessórios e peças de roupa é sempre um assunto muito discutido no mundo da moda. A mais recente polêmica se dá entre as irmãs Ashley e Mary-Kate Olsen, da marca “The Row”, e uma das maiores organizações de ativistas dos direitos dos animais, a PETA (Pessoas pelo Tratamento Ético dos Animais).
O ataque da PETA às meninas começou, na verdade, em 2007, quando a organização apelidou as gêmeas de “Trollsen Twins” (um trocadilho com seu apelido e a palavra Troll – ou individualmente, “Hairy-Kate” e “Trashley” Olsen) devido ao seu gosto por peles. A briga foi se agravando e atingiu recentemente o seu auge quando, na apresentação da coleção pre-fall da marca, as jovens lançaram uma bolsa em patchwork com vários tipos de pele, no valor de US$ 16.900 (aproximadamente R$ 33 mil), entre vários outros artigos feitos em pele.
A organização retaliou com a criação de um website totalmente dedicado às irmãs Olsen, perdão, Trollsen, para impedir as gêmeas de utilizarem peles nos seus looks e nas suas coleções. No site “Meet the Trollsen Twins” (conheça as gêmeas Trollsen), você pode vestir a “Hairy-Kate” e a sua irmã “Trashley” com peles de animais ainda sangrando, um jeito “divertido” de encorajar as pessoas a apoiarem a causa, e assinarem a petição recusando-se a usar qualquer um dos seus produtos até que elas parem de trabalhar com peles. A luta parece complicada, porque enquanto é detestada pela PETA, a bolsa é adorada por nomes como a stylist de celebridades Rachel Zoe, que a descreveu no seu blog como a próxima “it-bag”.
A carreira das irmãs também vai de vento em popa. Recentemente elas venceram o prêmio de Designer do Ano para marcas femininas, um dos mais prestigiosos do CFDA (Council of Fashion Designers of America), competindo com Marc Jacobs e Proenza Schouler. Em outubro do ano passado, foram capa da revista “Vogue” americana em seu número dedicado à eleição dos mais bem vestidos, o “Best Dressed Issue”. Mary Kate também está na capa de abril deste ano da “Elle” inglesa. Juntas, elas ainda apareceram em editoriais da revista “Interview” e são consideradas verdadeiros ícones de estilo, com ou sem peles.
Mas se, no mundo da moda, tem quem apoie e apadrinhe as irmãs Olsen, tem também quem se junte à PETA na luta, como a designer Stella McCartney, forte ativista dos direitos dos animais que, em fevereiro deste ano, lançou um vídeo em parceria com a organização contra o uso do couro. Já na temporada de moda internacional de Inverno 2010, as peles foram um componente importante nos desfiles de muitas marcas como Fendi, Roberto Cavalli e Chanel, sendo que essa última admitiu que todas as peles utilizadas na coleção eram sintéticas, trazendo para a mesa, novamente, a discussão sobre a necessidade do uso de peles verdadeiras e a diferença que isso faz – ou não – no produto final.
Ainda antes disso, em 2009, o consultor de moda americano Tim Gunn criou um vídeo (que você pode ver abaixo) com a PETA, e enviou pessoalmente a designers como Donna Karan e Giorgio Armani, sobre as verdadeiras “vítimas da moda” e sobre o papel dos estilistas na conscientização das pessoas para o assunto. A própria Karan anunciou poucos dias depois que a sua coleção de Inverno 2009, assim como todas as restantes, seriam totalmente livres de peles.
Seja no formato de um desfile, de anúncio publicitário ou de um vídeo com imagens chocantes, a discussão e as opiniões divergentes sobre a utilização de peles não acabam. Em 2009, o próprio Lagerfeld, que admite não usar peles, confessou não ser contra a prática em uma entrevista ao “The Telegraph”: “Em um mundo onde se come carne, utilizar o couro para sapatos, roupa e bolsas torna a discussão sobre as peles infantil”. Na mesma entrevista, Karl defende os trabalhadores que vivem da indústria das peles, especialmente os caçadores que “cresceram sem aprender a fazer mais nada além de caçar”, e ainda diz que os animais deveriam ser mortos de uma forma “simpática, se for possível”.
Existe alguma forma simpática de faze-lo? De acordo com a PETA e com as outras organizações, a resposta é não. Não há maneira simpática de faze-lo, mas tem vários jeitos de evitar que seja feito. Vamos ver onde essa guerra vai acabar, se é que vai.