MARC JACOBS

O desfile de Marc Jacobs é como o da Prada: todos querem estar para ver quais as direções que a moda vai tomar. E dificilmente as pessoas saem desapontadas tamanha a injeção de energia que é descarregada a cada apresentação. Desta vez não foi diferente. Ele usou um casting gigante, de 63 meninas, que andavam por uma passarela espelhada e cortada por colunas de vinil. No som, Marylin Manson berrava “Beautiful People”. É essa mistura dele que dá tão certo e o transforma em um grande produtor de shows: uma passarela fria, de espelho, onde suas lindas criaturas podem se deliciar com sua própria imagem. As roupas falam outra língua, mais sóbria e não se conecta com a fúria da música. Marc disse que estava “gostando de tudo o que era restrito e disciplinado” e cobriu as modelos com uma roupa rígida e fechada. É um quebra-cabeça que, pelas suas mãos, dá certo. Como disse Suzy Menkes, o dom de Marc é direcionar a bússola da moda para uma outra direção.

Coleção: Como sempre, há os looks inspiracionais e os usáveis. No geral, cada look é mais incrível que o outro. Quando você começa a cansar de uma ideia, logo entra uma modelo mostrando uma outra proposta. O desfile de Marc Jacobs traz muita informação: os vestidos vem com comprimento logo abaixo do joelho; as calças são ótimas e aparecem no modelo cigarette ou de alfaiataria, mais largas; a silhueta é ajustada, com um ou outro look mais relax; a cintura é marcada e o design da parte de cima é arredondado, com ombros e mangas volumosos. O que parece ser um estilo sóbrio é quebrado pelas estampas de bolinhas – de diversos tamanhos – que pontuam a coleção, desde a meia-calça até cobrir looks inteiros. Elas trazem o ar pop e divertido que sempre aparece nos trabalhos do estilista. Há um trabalho muito interessante de texturas e tecidos, com uso de renda, lã, latex, lurex e pele (verdadeira), que se transformam pelas mãos de Jacobs. Ah, destaque também para a cartela de cores com vinho, azul, branco, marrom, verde e preto. Bela coleção.

Opnião: Não importa a gente ver toda a semana de Nova York, gostar de um ou outro estilista, entender as direções e tal. Quando Marc Jacobs entra, faz um estrago, no melhor sentido, e muda tudo. Marc sempre vem completamente diferente da estação anterior e pega todos de surpresa com uma nova vibração, uma nova ideia, um novo desejo. É inquieto, um articulador da moda, pessoa de ideias, tradutor das temperaturas do futuro. Sabe mixar o high e o low, o clássico e o contemporâneo, olhar para seu acervo e renova-lo a cada estação. Forever Young.

DONNA KARAN

A crítica especializada não se empolgou muito com o desfile de Donna Karan. Foi uma coleção certinha e, por isso mesmo, deixou a desejar, já que Marc Jacobs também fez sua versão “certinha” e tocou fogo no circo. E é irônico que Donna Karan disse no backstage que era uma coleção que sintetizava a força da mulher.

Coleção: O tema é Pearls of Wisdom. As pérolas aparecem tanto em colares em todos os looks, como também inspiram a cartela de cores da coleção, bem neutra e delicada. Como todos os estilistas, ela Donna Karan também colocou muitos e muitos casacos na passarela e, como contou a Cathy Horyn, é a peça-chave para o inverno pois permite que você use algo bem leve por baixo. Há muitos vestidos, todos com a silhueta mais justa e a cintura marcada. É uma coleção feminina que usa até de elementos chave de uma feminilidade antiga, como luvas até os cotovelos e um lenço-véu na cabeça.

Opinião: Não há como ignorar Donna Karan, que é uma das estilistas que mais representam a moda americana, junto com Calvin Klein e Tommy Hilfiger, para citar alguns. Mas este desfile não empolgou muito. Sim, é correto e bem executado, mas sem grandes emoções. Também não se pode esperar que ela vá mudar a moda do mundo, mas certamente Donna tem experiência e mão firme para fazer algo um pouco menos entediante.

Y-3

Olha só: a marca que Yohji Yamamoto desenvolve com a Adidas teve uma inspiração similar a que vimos no desfile da TNG, no Fashion Rio. Yohji também olhou para os Beatniks. Sua vontade para essa estação era pegar essa atmosfera, que também inclui a geração da Guerra do Vietnã e mostrar para os jovens de hoje.

Coleção: No mesmo desfile estão as linhas feminina e masculina e, em muitos momentos, os meninos se sobressaem, mas no geral, há muitas peças bacanas para ambos. Como marca de performance que é, há um ótimo trabalho com materiais novos e mistura de tecidos. O masculino tem uma pegada bem militar enquanto no feminino destacam-se as saias longas e amplas e ótimos casacos e jaquetas e um exercício de proporções a la Yohji. Os casacos de forma mais arredondadas que estão em todos os desfiles e fazem as vezes de armaduras contemporâneas (e mais confortáveis também) estão entre os highlights.

Opinião: Quem não quer ter uma roupa esportiva ou casual pensada por Yohji e seu time de criação? Se desmembrarmos a coleção em peças únicas, percebemos que dá para aproveitar quase 100% do que foi feito. Yohji consegue equilibrar o design e a inovação, com a usabilidade e o desejo. A única coisa que ele ainda não conseguiu foi baixar os preços!