A indústria do fast fashion está em crise. Quem anda saindo na frente, desta vez, são as marcas eco-friendly e as chamadas mid-range, que ficam entre as fast e o prêt-à-porter. É o que diz um estudo feito pelo site stylecompare, em que o consumidor pode comparar os itens das lojas por marca e preço. A pesquisa foi publicada pelo jornal britânico “Telegraph”.
Desde que lojas que vendem suas coleções por preços muito baixo apareceram, pessoas passaram a questionar como conseguiam chegar naqueles valores. Como as roupas são feitas? Onde? E sob quais condições? E não demorou para que várias ONGs colocassem nas ruas campanhas que estimulam o consumo consciente.
O primeiro grande baque sentido pelas fast fashion foi no ano passado, quando o lucro da rede H&M caiu 11%.
Parte do prejuízo se dá por conta da alta do algodão, que quase dobrou seu preço nos últimos meses. A H&M não quis aumentar os preços de suas roupas para suprir os gastos a mais com o algodão e acabou no negativo. Um analista da Societe Generale disse que a indústria do “cheap chic” não pode continuar a absorver os custos cada vez mais altos sem aumentar os preços.
Outras empresas tiveram quedas, como a Next e a Primark, que é ainda mais barata que a H&M. Para outro analista, Tom Gadsby, a situação é uma faca de dois gumes. “Aumente os preços e você ganha rejeição dos clientes, que já se acostumaram com os valores baixos. Não aumente e as empresas não vão lucrar”, diz.
O estudo também aponta um outro motivo para a baixa de lucros do segmento: há um número grande de pessoas que querem devolver suas compras, mostrando que elas esperam mais em troca do que está sendo oferecido (baixa qualidade é uma das maiores reclamações). “O clima do consumo no Reino Unido vai mudar drasticamente”, diz Julia Rebaudo, do StyleCompare. “Os problemas pelos quais a H&M passou eram inesperados. Os hábitos do consumidor estão mudando e eles estão mais atentos ao valor que uma peça de investimento traz, ainda mais em uma época em que ser consciente com seu dinheiro é um dever”. De fato, os preços exageradamente baixos estimulam um consumo negativo: que gera uma ansiedade para se ter muito, por pouco, e depressa.
Atualmente, entre as marcas que estão se sobressaindo no gosto do consumidor, estão a Urban Outfitters, uma verdadeira febre entre os jovens americanos e europeus, e a brasileira Melissa, que se encaixa no perfil “consciente”. As vendas de marcas deste tipo subiram cerca de 68%, pois o consumidor associa o termo eco-friendly a qualidade e honestidade nos processos de produção e comercialização.