A união entre moda, fé e arte atinge seu ápice no desfile “Alta Sartoria” da Dolce & Gabbana, realizado no imponente Castel Sant’Angelo, em Roma. O monumento milenar, que já foi mausoléu imperial, fortaleza medieval e residência papal, agora se torna palco de uma celebração estética. Assim, honrando a sofisticação espiritual da Igreja Católica.
Símbolo eterno de Roma
Construído em 139 d.C. como tumba do imperador Adriano, o Castel Sant’Angelo carrega séculos de transformações arquitetônicas e simbólicas. No século VI, ganhou seu nome atual após a aparição do Arcanjo Miguel, marco de fé e renovação para a cidade. Hoje, sua grandiosidade barroca e mística serve de cenário ideal para repensar a moda sob a ótica da tradição.
A coleção de alta-costura traz à passarela uma interpretação refinada da alfaiataria eclesiástica. Com referências visuais às casulas, pluviais, dalmáticas e estolas, os estilistas Domenico Dolce e Stefano Gabbana traduzem a imponência das vestes sacras em silhuetas contemporâneas e luxuosas.
Inspiradas por séculos de iconografia cristã, as criações ecoam o esplendor retratado por mestres como Rafael, Ticiano e Bernini. A estética do “sacro fashion” também dialoga com o cinema de autores como Fellini, Paolo Sorrentino e Edward Berger, em obras que capturam a força visual da fé.
Além do simbolismo, a coleção reforça o valor do fatto a mano, com bordados minuciosos, tecidos nobres e acabamentos artesanais. Entretanto, cada peça reflete a tradição italiana de alta-costura, onde luxo e espiritualidade se entrelaçam em um legado de beleza atemporal.
Por fim, a Dolce & Gabbana não apenas homenageia a história de Roma e a estética eclesiástica — mas também reafirma o poder da moda como narrativa de identidade, fé e arte.