O diretor criativo da Valentino, Alessandro Michele, decidiu distanciar-se da velocidade que caracteriza o mundo da moda contemporânea. Em uma recente declaração publicada, ele expressou seu desejo de promover um enfoque mais reflexivo e duradouro nas coleções da marca.
Conforme noticiado pelo WWD, Michele recorreu mais uma vez ao fotógrafo Glen Luchford, para registrar a campanha de outono de 2025 da Valentino. Ele escreveu uma carta na qual argumenta que a moda atual se tornou uma manifestação de um mundo acelerado e hipertrofiado, cada vez mais obcecado pela busca por novidades incessantes: “novas formas, novos rastros, novas histórias”.
Contrapondo-se a essa tendência, o designer já havia sinalizado em sua campanha pré-outono um desejo de retornar a uma visão que valoriza a durabilidade. “Em meio a esse turbilhão, escolhi habitar um gesto diferente: não correr, mas linger”, afirmou Michele em sua correspondência. Ele acrescentou que optou por não abrir um novo capítulo na narrativa da moda, mas sim aprofundar-se em temas que já estavam em desenvolvimento.

Na mesma carta, ele mencionou os tópicos abordados no desfile de outono, intitulado “Le Méta Théâtre Des Intimités”, realizado em Paris em março. Michele destacou a importância de continuar questionando a relação entre identidade e práticas de vestuário. Ele evocou a imagem de um banheiro público como um espaço liminar onde dimensões privadas e relacionais se entrelaçam. Um lugar onde o visível desafia o invisível e onde conceitos como decência colidem com prazeres ocultos.
Detalhes da campanha
A campanha é estrelada por Clairo, cantora e compositora americana e embaixadora da marca Valentino; Kembra Pfahler, artista interdisciplinar e roqueira americana; além de Aimée Byrne, Isabella Pascucci, Shane Stevens, Hana Janata, Sanique Dill, Weiyi Fang, Bukwop Kir, Paul Scally e Giuseppe Cirillo.
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Os modelos são retratados em um banheiro público com azulejos vermelhos e pretos, recriando o cenário do segundo desfile ready-to-wear de Michele para a Valentino. Realizado em um gigantesco banheiro público iluminado por luz vermelha. Na ocasião do desfile, o designer descreveu o ambiente como “distópico, perturbador e lynchiano”.
Ao encerrar sua reflexão, Michele afirmou que talvez esse seja o legado mais valioso da moda: a profundidade revelando-se como uma interconexão entre superfícies e a intimidade mostrando sua força política e poética. Ele concluiu enfatizando que se trata não apenas de uma essência imóvel, mas sim de um movimento interminável; não de um abrigo privado, mas sim de uma cena compartilhada.