Por Elis Martini, em colaboração para o FFW
Dilson Stein, o scouter que revelou as tops Gisele Bündchen, Alessandra Ambrósio e Carol Trentini, além de modelos como Cris Herrmann, Thairine Garcia e Clarice Vitkauskas, conversou com o FFW em sua passagem pelo SPFW Inverno 2014. Com 28 anos de carreira, Dilson promove workshops e concursos por todo Brasil em busca de new faces promissoras. Confira nossa entrevista sobre tops, o mercado de modelos e o início da carreira de Gisele:
Como você descobriu a Gisele Bündchen e a acompanhou no início da carreira?
Somos conterrâneos de Horizontina. Na época eu morava em São Paulo, em 1994, e fui para Horizontina ministrar um curso de modelo. Ela foi colocada no curso para melhorar a postura, já que tinha problema porque com 13 anos era muito alta. Quando bati o olho na Gisele, na hora falei que ela poderia ser uma das melhores modelos do mundo, mas o pessoal não me levou a sério. Um mês depois eu a trouxe para São Paulo e a apresentei para a agência Elite, que na época era dentro do shopping Eldorado. Depois tive que convencer a família dela a acreditar, porque você não tinha o acesso a informação que tem hoje, a internet estava começando no Brasil.
E ela no início não acreditou que poderia ser modelo?
Não, ela nunca tinha pensado nisso. A mãe dela era a favor da ideia, o pai era contra, mas depois conseguimos mostrar para ele que valia a pena ele ver de perto como funcionava a carreira de modelo. Quando ele veio a São Paulo e conheceu a agência, mudou de ideia.
E quais características você procura em uma modelo? O que faz alguém se tornar uma top?
Hoje eu trabalho em todo o país, tenho equipes de scouters espalhados pelo Brasil, e nós procuramos modelos comerciais e fashion. As comerciais fazem publicidade, onde a altura não é tão importante quanto para desfile. É questão de ter um feeling, de você olhar alguém e poder antecipar que ela tem potencial. Às vezes a menina que para os olhos dos outros é mais diferente, não é tão bonita, tem mais potencial para se tornar uma grande modelo.
E como foi com a Alessandra Ambrósio?
A Alessandra eu descobri com 11 anos de idade, em Erechim, Rio Grande do Sul. Ela foi em um curso de modelo lá e depois eu a trouxe para São Paulo, ainda com 11 anos. Eu a acompanhei dos 11 aos 15, até ela vir morar em São Paulo. Antes disso, ela ficava em Erechim e vinha a São Paulo para fazer alguns trabalhinhos, ir se preparando.
Com a Carol Trentini foi assim?
A Carol estava andando no centro com a mãe dela e um integrante da minha equipe a viu e convidou para conhecer o nosso trabalho. Isso tudo lá no Rio Grande do Sul, bem próximo de Horizontina.
Existem algumas cidades específicas que vocês sempre vão para procurar modelos?
Nestes 28 anos que tenho de mercado, 21 atuei somente no Rio Grande do Sul. Lá eu trabalho em todas as regiões, mas o Brasil todo tem um grande potencial. Posso dar exemplos de meninas que estão indo muito bem, como a Thairine Garcia, que é do interior de São Paulo, Clarice Vitkauskas, que é de Guarulhos, Daiane Sodré, que é da Bahia. O Brasil todo tem gente bonita, vão surgir grandes top models e a Gisele é muito responsável por essa abertura, pelo mercado internacional ver as modelos brasileiras com outros olhos e de uma forma positiva.
E como funciona exatamente esse acompanhamento que você faz com as new faces?
O meu trabalho é descobrir e preparar a modelo para o mercado. Acompanho o crescimento, o cuidado com a pele, os estudos, faço aprender inglês. Depois, quando elas têm uns 15, 16 anos, eu coloco em uma boa agência, que a partir daí é quem cuida da carreira dela.
Qual seria sua dica para as meninas quem têm o sonho de ser modelo?
Em primeiro lugar é sempre importante a participação da família. E também se informar e pesquisar muito para não cair em nenhuma armadilha. Gosto de deixar bem claro que o book fotográfico só é importante quando você se torna modelo, não quando você é candidata, é desnecessário fazer esse investimento antes de ser convidada por uma boa agência.
