Estampada nas paredes da 29ª edição do SPFW, a arte de Raimundo Souza dos Santos, conhecido nas ladeiras do Curuzu, o mais negro dos bairros soteropolitanos, como Mundão, é daquelas que cruza mares, derruba fronteiras e se estabelece como necessária.
A trajetória do artista começou cedo, aos 11 anos, época em que acompanhava o pai no movimento social batizado de Mudança da Maçaranduba. A partir de então, Mundão aprendeu dança afro, bateria e capoeira, depois, já com os grafismos despertos no seu dia a dia, cursou desenho industrial para aperfeiçoar a técnica.
À frente do Ilê Aiyê, deslanchou sua visão minimalista e sofisticada nas vestes estruturadas pela estilista Bete Lima. “Acredito que a moda brasileira seja pluralista, de uma riqueza incontestável e diversificada. É isso que eu faço no bloco, é isso que fazem nas passarelas”, diz. Para ele, a contemplação do seu esforço é vista nos figurinos que esculpem os corpos das mulheres do Ilê. “Quando elas estão montadas, se sentem verdadeiras top models. Aquelas mulheres exalam sensualidade e elegância”.
Quem experimentou a sensação inversa foi a poderosa Naomi Campbell, que fez questão de usar a indumentária no carnaval que passou na Bahia. A musa não cansou de repetir que pela primeira vez viu-se como rainha. Este é o encanto que tinge o Ilê e inspira tantas reflexões. “O Brasil é o presente; não tem mais essa de futuro!”.
Produção Lêda Villas Bôas