O grupo Kering (ex-PPR) anunciou um investimento minoritário na marca Altuzarra, do estilista francês-americano Joseph Altuzarra, 30. Há menos de um ano, o mesmo grupo comprou 51% da grife britânica Christopher Kane. Executivos da Kering disseram ao portal WWD que preferem investir em marcas novas com potencial de crescimento. Do outro lado, os estilistas à frente de pequenas empresas estão abertos a receber ajuda para que possam enfrentar a competitividade.

O negócio fechou na quinta (05.09) e foi anunciado nesta manhã pelas duas partes, poucos dias antes do desfile da grife na semana de moda de Nova York. Acompanhe a semana de moda aqui

O valor não foi revelado, mas segundo Alexis Babeau, diretor administrativo da divisão de luxo da Kering, a companhia permanece independente e controlada por Altuzarra e sua família. “Joseph terá acesso à expertise da Kering quando precisar”.

Ainda segundo o WWD, a negociação começou um ano atrás. Até então a marca era financiada com a ajuda da família de Altuzarra. “Havia a necessidade de suporte financeiro, mas também de infraestrutura e experiência. Eu precisava muito de um parceiro que poderia me dar a expertise necessária para este negócio”, diz o estilista. “Estou muito feliz em iniciar esse relacionamento com a Kering, um grupo reconhecido por sua excelência no mercado de luxo com um histórico incrível de nutrir alguns dos melhores talentos da indústria da moda”, continua. “Essa parceria vai permitir que a marca seja desenvolvida, sempre de acordo com a minha visão criativa. Não poderia estar mais feliz e orgulhoso”.

“Joseph é um designer verdadeiramente talentoso e já tem reconhecimento em poucos anos de trabalho. Ajudando um jovem estilista a acelerar o desenvolvimento de sua marca, a Kering cumpre sua missão de dar força a novos talentos criativos”, diz Babeau.

Até então, Altuzarra mantinha uma operação pequena, com uma equipe fixa de oito pessoas e distribuição em 50 lojas online. “Foi muito importante para mim manter a Kering com uma parte menor neste momento e deixar que o controle seja nosso. Eles foram muito compreensivos em relação a essa minha decisão, o que é muito raro”, diz o estilista.

Claro que, com o investimento, podemos esperar por uma linha power de bolsas, peça que ainda não era produzida pelo jovem estilista. É na coleção de acessórios onde ele encontra a maior pressão para se desenvolver, mais ainda do que sua própria coleção de roupas.

Altuzarra lançou sua marca em 2008 e desde o início teve suporte de revistas. Ele estagiou com Marc Jacobs, fez um trabalho freelance na Proenza Schouler e foi assistente de Riccardo Tisci, na Givenchy, onde conheceu Carine Roitfeld, que tornou-se uma das madrinhas de sua marca, usando as peças desde o início. “Eu era amigo da assistente de Carine, ela foi ao meu primeiro desfile e gostou”, lembra. Sua primeira coleção foi comprada por multimarcas como Barneys New York e Dover Street Market.

Agora, com nova perspectiva pela frente, ele garante que vai usar o investimento exclusivamente para seus negócios. “Não vou pegar esse dinheiro e comprar uma casa no Havaí ou St. Barth’s”.

Em tempo: segundo o WWD, a LVMH está em negociações adiantadas com o designer de sapatos britânico Nicholas Kirkwood.