Quando as urnas fecharam em 4 de novembro de 2025, Zohran Mamdani não apenas virou o novo prefeito de Nova York, ele também se tornou símbolo de uma geração que ansiava em ver a política com os códigos atuais.

Zohran Mamdani e Rama Duwaji são o casal que ninguém viu chegando e, agora, ninguém consegue parar de falar. Ele, ex-rapper e deputado estadual que se tornou o prefeito mais jovem de Nova York em um século; ela, artista sírio-americana que evitou os holofotes durante toda a campanha, mas virou um fenômeno da internet em apenas uma noite. Eles se conheceram no Hinge (sim, o aplicativo de namoro) e acabaram se tornando o retrato de uma Nova York jovem, digital e idealista, onde política, cultura pop e soft power andam de mãos dadas. Em mundo fragmentado, eles simbolizam uma ruptura e, sem sombra de dúvidas, algo novo!

O novo prefeito mais comentado da América (e do mundo)

Zohran Mamdani, de 34 anos, derrubou uma dinastia política e fez história como o primeiro prefeito muçulmano e sul-asiático de Nova York. Nascido em Uganda, criado entre a África do Sul e o Queens, Mamdani representa uma ruptura geracional – um político millennial, com senso de humor afiado e domínio completo das redes. Ele cita 50 Cent (‘‘ainda ouço Many Men toda vez que recebo uma ameaça de morte’’), aparece em festas queer, grava vídeos no metrô e discute tax policy com memes. Durante a campanha, subiu no palco ao som de ‘‘New York’’ do rapper Ja Rule, e em seu primeiro discurso, mandou um recado direto a Trump: ‘‘Turn the volume up’’.

O gênio do marketing político 3.0
A vitória de Mamdani não veio só dos debates – veio do feed. Sua campanha foi um estudo de caso em como falar com a geração que realmente vota agora. Ele fez vídeos em espanhol para a comunidade latina, apareceu em páginas virais como Subway Takes e Track Star Show, e transformou seus discursos em cortes de TikTok perfeitamente editados – como sua aparição no show da PinkPantheress. O resultado foi um engajamento real e um recorde de participação: mais de 2 milhões de votos, o maior número desde 1969.

Rama Duwaji, a anti-“First Lady”

Enquanto Zohran ocupava as telas, Rama Duwaji mantinha distância. Aos 28 anos, a artista sírio-americana ficou nos bastidores da campanha, mas seu impacto foi enorme: ela ajudou a criar o logo, a identidade visual e boa parte do conteúdo digital que moldou a imagem do marido. Foi só depois da vitória que o público descobriu quem ela era – e se apaixonou. Quando subiu ao palco na noite da eleição, usando um top bordado do designer palestino-jordaniano Zeid Hijazi e uma saia de veludo da nova-iorquina Ulla Johnson, a internet a catapultou em um novo personagem a se observar. Em questão de horas, ela virou a nova it girl política da geração online.

Soft power e estilo como discurso
Rama é uma artista engajada, já teve trabalhos publicados na The New Yorker, The Washington Post e VICE, sempre explorando temas de identidade, justiça social e resistência árabe. Criou pôsteres pela causa palestina, animações sobre violência no Sudão e as operações do ICE nos EUA. Seu Instagram, no entanto, é o oposto do que se espera de uma primeira-dama: calmo, poético e conceitual.

Amor, política e algoritmo

O casal se conheceu no Hinge, casou-se discretamente em 2025 e só revelou o relacionamento depois que críticos acusaram Mamdani de ‘‘esconder’’ a esposa. Ele respondeu com um post simples, direto e muito dele: ‘‘Vocês podem criticar minhas opiniões, mas não minha família.’’ Desde então, os dois têm conquistado a internet com um equilíbrio raro: intimidade sem exposição. Nenhum deles tenta performar perfeição, o que, ironicamente, os torna o casal político mais cool e atual – quase a antítese de JFK Jr e Carolyn Bessette, ícones dos anos 1990.

Política da nova era
Em um cenário polarizado, Zohran e Rama trazem algo novo: política com linguagem de rede, estética de rua e valores de comunidade. Ele fala sobre transporte gratuito e congelamento de aluguel, mas sem o tédio tecnocrático habitual. Ela transforma causas em arte. Juntos, eles dão um rosto para uma Nova York mais jovem, mais progressista e mais conectada à cultura, que vinha sendo esquecida. Um casal que entende que, hoje, política não é apenas um discurso, mas um comportamento.