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    Verão dramático e radical

    Maria Rocha conta como fez a Drama se tornar sinônimo de beachwear sexy, visceral e maximalista.

    Verão dramático e radical

    Maria Rocha conta como fez a Drama se tornar sinônimo de beachwear sexy, visceral e maximalista.

    POR Vinicius Alencar

    Antes de existir como marca, a DRAMA já era um impulso. Um desejo antigo por praia, corpo, movimento e liberdade,  construído ao longo de anos de formação, tentativas, atravessamentos e uma relação quase visceral com o beachwear brasileiro. Criada por quem entende o biquíni não apenas como roupa, mas como linguagem, a marca nasce do encontro entre técnica e uma intuição afiada sobre o que significa ser mulher hoje. Quem conhece Maria Rocha (corpo, mente e rosto da DRAMA) entende que ela é, em si, a melhor tradução desse ideal.

    Nesta conversa, a fundadora revisita o caminho que a trouxe até aqui: da adolescência em Brasília aos corredores do IED São Paulo, do litoral norte às grandes estruturas da moda, passando pela Índia, por editoriais e salas de prova. Uma trajetória diversa, intensa e nada linear.

    Pra começarmos do começo: quando você pensou em criar a Drama? Você já tinha trabalhado com beachwear, né?

    Desde sempre eu soube que queria trabalhar com moda praia. Por ser de Brasília, ir à praia era sempre um acontecimento. Todo verão eu contava os dias para chegar lá e sempre queria um biquíni novo de presente — de amigo oculto, de Natal… enfim.

    Comecei a costurar com 15 anos e foi difícil encontrar uma escola em Brasília que me aceitasse como aluna por conta da idade. Fui aceita, mas nada de moda praia! Aos 17 anos eu já sabia que iria cursar moda — fora de Brasília, porque lá não havia curso.

    Com 18 anos, em troca de alguns biquínis, fui trabalhar na loja multimarca de moda praia da minha sogra, e foi um caminho sem volta. No ano seguinte, entrei para o curso de Design de Moda no IED São Paulo.

    Quando cheguei a São Paulo, comecei a frequentar o litoral norte todo final de semana e decidi aprender a surfar. Isso despertou em mim o interesse por criar biquínis funcionais e, ao mesmo tempo, urbanos.

    Depois de três anos, fiz minha tese de conclusão de curso em Moda Urban Surfwear — um projeto que até hoje considero extremamente relevante e atual. Enquanto cursava moda, meu primeiro estágio foi na Neon Brazil, que teve uma grande influência na formação da minha estética e foi um verdadeiro fundamento para mim.Depois, fui modelo de prova na Pernambucanas, o que me ajudou a entender como grandes estruturas funcionam. Trabalhei também como assistente de styling e produtora de moda para revistas como Vogue, Elle, Marie Claire, entre outras.

    Em seguida, entrei para o Grupo Restoque, trabalhando com calçados, acessórios e roupas de couro. Foram três anos ali, até que fui morar na Índia por mais três anos para trabalhar com confecção.

    Quando voltei ao Brasil, uma conhecida da época da faculdade — que havia criado uma marca de moda praia quatro anos antes — me convidou para ser sócia e ajudá-la a tocar a marca. De início de 2017 até o primeiro trimestre de 2019, desenvolvemos novas modelagens, exploramos combinações de cores e recortes e focamos em aviamentos artesanais pouco explorados até então. Deu muito certo. Fico muito feliz em ver que até hoje essas peças seguem sendo reeditadas, o que confirma um bom design.

    No mesmo ano, rompemos a sociedade e decidi recomeçar do zero. Eu sentia que a nova marca precisava ser o oposto de tudo o que vinha fazendo — e assim nasceu a DRAMA.

    Desde o início, a Drama vem muito de um olhar seu intenso, sexy, um caldeirão de referências, que se une na imagem de uma mulher forte. O que te inspira?

    Essa é uma pergunta difícil, mas posso tentar resumir. A influência dos meus pais sempre foi muito forte.

    Minha mãe é extremamente moderna nos princípios, no trabalho, no amor por tecnologia, ciência e psicologia e também na maneira de se vestir. Ela é muito Giorgio Armani: preto, branco, cinza, bege; linhas retas, tecidos naturais, minimalismo. Ama tudo que é funcional, inteligente e versátil. Como eu era seu “chaveirinho”, passava horas com ela em lojas como Krishna, Cori, Maria Bonita, Gloria Coelho… eu amava.

    Meu pai, por outro lado, tem um gosto clássico refinado misturado a um certo maximalismo.

    Diplomata, está sempre de “uniforme”: terno, gravata e sapato. As combinações de camisas listradas ou em tons pastéis com gravatas de padronagens mínimas, bem-humoradas, e ternos estruturados de lã fria,  fio tingido, xadrez ou risca de giz quase imperceptível, sempre me marcaram. 

    Outro fator importante é ser de Brasília. Uma cidade modernista, planejada, no meio de um cerrado riquíssimo, com pores do sol em cores neon, ipês de todas as cores ao mesmo tempo e estruturas em concreto bruto.

    E sobre mulheres fortes… são tantas! De Stéphanie de Monaco a Monique Evans. Das musas da MPB,  Elba Ramalho, Fafá de Belém, Gal Costa, Bethânia, Rita Lee, às divas latinas Selena e Thalia.

    De Hollywood, Virna Lisi, Ursula Andress, Elizabeth Taylor; do cinema indiano, Vyjayanthimala e Rekha. Cantoras e atrizes italianas, dançarinas de dança do ventre… é um universo infinito.

    O que você acha que diferencia a Drama de outras marcas de beachwear?

    Acredito que a Drama se diferencia por instigar novas modelagens.Quando lancei o fio dental em 2019, muitas pessoas diziam que ninguém iria comprar, que era só para corpos “perfeitos”. Isso não era verdade. Desenvolvi uma modelagem sexy, mas que valoriza qualquer corpo. Não é vulgar: é corajosa, confortável e cria a marquinha ideal para quem gosta de se bronzear. Até hoje é nosso best-seller.

    Também gosto de criar peças inteligentes, que podem ser usadas de várias formas e em diferentes situações. Um exemplo é a Peça Jangada, assim como o Top Saara e a Peça Saara. Não chamamos de body, calcinha ou top porque é exatamente isso: uma peça que pode ser top, bottom ou body.

    Além das modelagens, acredito que a Drama propõe uma linguagem visual diferente no beachwear brasileiro: irreverente, bem-humorada, bold e extremamente urbana.

    Quais são os maiores desafios e as maiores facilidades de criar roupa para praia?

    Começando pelas facilidades: o beachwear brasileiro é referência mundial. Sinto o dever de honrar esse lugar e, quem sabe, representar bem o Brasil dentro e fora do país. Além disso, sou completamente apaixonada por moda praia — criar essas peças preenche minha alma.

    Os desafios são muitos. Na produção, está cada vez mais difícil encontrar mão de obra qualificada, e os tecidos já não têm a mesma qualidade e durabilidade de antigamente. Estou sempre buscando alternativas para garantir tecidos que performem bem e tenham maior tempo de uso, evitando o descarte rápido.

    Tem algum modelo que já seja considerado um hit da marca?

    Sim: Calcinha Anzol, Jangada, Peça Saara e Top Saara. Neste fim de ano, tivemos uma surpresa com as vendas das calcinhas Espuma, inspiradas nas usadas por Brigitte Bardot nos anos 60. Elas eram feitas em tecido plano; eu as reeditei em alfaiataria empapelada com elastano.

    Faço essa calcinha desde 2023. Ela tem cintura bem baixa e, como a moda é cíclica — somado às mudanças corporais recentes — o público voltou a se sentir confiante para usar cintura baixa.

    Posso arriscar uma próxima aposta: o Top Maria, feito no tear, todo em miçangas, com flores e franjas. É uma técnica do leste europeu, muito presente também em trabalhos indígenas. Cada top leva cerca de uma semana para ficar pronto — uma joia rara.

    A nova coleção foi criada em conjunto com a Carol Perlingeiro. Como surgiu essa ideia?

    A Carol é minha cliente desde a primeira coleção solo. Uma biquineira de mão cheia e completamente viciada em beachwear. Há cerca de três meses, ela me ligou dizendo que queria fazer biquínis com babados — e comentou que não via nenhuma marca no Brasil explorando babados de uma forma que despertasse desejo nela.

    Adorei a ideia. Ambas já tínhamos referências com babados. No meio do ano, eu estava passando por um bloqueio criativo. Tinha testado tecidos e modelagens, mas sentia que algo não estava certo. Marcamos um encontro, trocamos ideias, e tudo começou a se encaixar. Foi a fome com a vontade de comer.

    Estou acostumada a trabalhar sozinha e senti o quanto foi importante dividir ideias. A Carol me trouxe confiança, apoio e parceria. Foi um match verdadeiro. Ela é uma das minhas musas, e de muita gente, inclusive musa do Carnaval do Rio. A DRAMA olha muito para isso: mulheres criativas, doces, fortes e confiantes. Hoje, a Carol não é só minha ‘Dramusa’. Virou minha irmã, e espero que vivamos muitas conquistas juntas.

    Vocês têm um calendário próprio de lançamentos?

    Hoje fazemos uma coleção por ano, mas a ideia é evoluir para um planejamento mais constante e consciente de lançamentos ao longo do ano.

    Quais os próximos passos e desejos para 2026?

    Dar um passo de cada vez (risos). Desejo que a Drama ganhe mais visibilidade e estrutura. É uma marca pequena em tamanho, mas com grandes anseios. Crescer com responsabilidade é fundamental. Tudo no seu tempo… e o tempo é rei.

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