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    Julia Gastin traz imaginário nacional para a joalheria

    Misticismo e sincretismo são onipresentes no trabalho da designer

    Julia Gastin traz imaginário nacional para a joalheria

    Misticismo e sincretismo são onipresentes no trabalho da designer

    POR Vinicius Alencar

    “Nunca tinha trabalhado com joalheria, me apaixonei, defino meu trabalho como semijoias: metal com banho de ouro, com todo o processo feito inteiramente à mão. Não trabalho com lançamento, com calendário, é uma marca mais de verão mesmo, mas dá totalmente para se adaptar ao inverno”, diz com naturalidade Julia, ou melhor, Ju Gastin ao se referir a marca que leva seu nome.

    Entre conchas, estrelas, figuras religiosas e muito sincretismo, Julia cria um universo que habita o imaginário brasileiro com liberdade, poesia e uma dose de suor. Se outras marcas apresentam suas peças de uma forma distante, quase asséptica, aqui nós vemos um convite envolvente e sedutor – com apelo e sotaque carioca, mas sem se limitar ao Rio de Janeiro.

    Como surgiu a ideia da sua marca?
    Eu já trabalhava com moda,  era figurinista, trabalhava com a Claudia [Kopke], na Globo fazia o programa Esquenta, da Regina Casé. Ficava  muito focada na Regina, na verdade, eu era assistente da Claudia na época, isso tem, sei lá, 14 anos [o primeiro episódio foi ao ar em 2011].

    E aí, dali, fui descobrindo o que era o Brasil, com o desenrolar do programa. Tanto é que o pilar principal da minha marca, é a brasilidade. Sobre identidade de festas de largo, festas de rua, tudo que acontece, assim, de movimento popular, vamos dizer. E ali, eu aprendi tudo isso. Digo que foi o ensinamento da minha vida, meu mestrado.

    Então comecei a entender que queria trabalhar com alguma coisa para abordar isso, sem ser roupa. Comecei a ir muito a Salvador, a partir daí passei a pesquisar e entender mais sobre joalheria brasileira do século 19, na Bahia ali, nos séculos 18, 19, e eu passei a frequentar muitos antiquários, comecei a ver os Balangandãs, e comecei a minha pesquisa. Foi algo que começou nesse olhar para o passado, mas que eu quis trazer para o hoje.

    Como funciona o seu calendário de lançamentos? Então, são coleções sempre cápsulas. Não tem calendário de moda. E a ideia é que você se sente um pouco e puxe pela memória. Por exemplo, o peixe articulado que faço surgiu por eu lembrar de ver minha avó usando. Então eu ‘bato’ nos lugares emocionais, de família, que muitas pessoas sentem, até num  outro pilar que é o feito à mão, né?

     

    Fale mais sobre o aspecto artesanal da marca
    Todo o processo, até a minha embalagem é feita à mão, a lojinha que eu tenho no Rio, ela é repleta de coisas populares, que vou catando pelo Brasil, em viagens.

    Além disso, sinto que tem um certo sincretismo e misticismo, não?
    Eu falo muito sobre fé, fé no modo geral. Às vezes o São Jorge, às vezes misturo um pouco católico com candomblé… Comecei a ir para um caminho mais cigana. Agora a inspiração é um tipo de ímã, por exemplo, as pérolas, conchas naturais que não são essencialmente sobre fé, mas vou criando associações. Crio porta velas e incensários… eu falo na fé no sentido de acreditar nas coisas e acreditar na vida, uma fé muito ligada à natureza. Respeitando a interpretação de cada um, já que eu também não quero virar uma mentora do que é ou não é fé.

    E num momento que as pessoas querem tanto. Quais seus próximos passos? Como seguir mantendo a sua essência?
    A minha ideia é manter essa marca-ateliê pequena e com muito cuidado em cada peça, muito cuidado com o cliente final. Levo em consideração isso quando surge a questão da escala, porque para mim é muito complicado. Como é tudo feito à mão, desde a modelagem, todas as peças, o banho, a embalagem… é para ser uma coisa semi-exclusiva, sabe?

    E a minha ideia, que é o que estou fazendo no momento, é levar a marca para fora do Brasil, para a Europa. Agora no verão europeu, vou começar a ter algumas multimarcas nos balneários representando a grife. A minha forma de enxergar expansão é assim.


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