Isaac Sales: Pintura em Movimento e resistência
A arte que questiona, celebra e reinventa identidades periféricas, pretas e LGBTQ+
Isaac Sales: Pintura em Movimento e resistência
A arte que questiona, celebra e reinventa identidades periféricas, pretas e LGBTQ+
O artista visual Isaac Sales cria a partir do corpo, da memória e da política. Nascido em São Paulo e criado na periferia de Guarulhos, iniciou sua trajetória pela dança e pelo carnaval, linguagens que ainda atravessam sua pintura, marcada pelo movimento, pela teatralidade e pelo uso alegórico das imagens.
Durante a pandemia, encontrou na pintura uma nova forma de expressão. Começou de maneira intuitiva, compartilhando seus primeiros trabalhos nas redes sociais. Rapidamente atravessou bolhas e passou a ser reconhecido como artista visual, ainda que já trouxesse consigo um repertório extenso, construído em anos de pesquisa estética e atuação artística.
Sua obra é simbólica, espiritual e política. Dialoga com a ancestralidade, com a cultura preta e LGBT+, e utiliza o afrofuturismo como ferramenta para imaginar e denunciar. “Meu trabalho é sobre preocupação”, afirma. É gesto de cuidado, resistência e celebração.
Cada obra nasce de um processo detalhado: escrita, leituras, música, cinema, moda, figurinos e mapas de cor fazem parte de sua pesquisa. “Vejo a pintura como espetáculo. O cenário, o figurino e o movimento são tão importantes quanto a técnica.” Por isso, muitas de suas telas parecem cenas congeladas de uma narrativa maior, conectadas por histórias que vão além da imagem.
Entre suas referências estão Abdias Nascimento, Kara Walker, Octavia Butler, Rafael Pavarotti, Beyoncé, Urias e Solange. Com Urias, inclusive, criou a capa do recém-lançado álbum “Carranca”, que une simbologias de dor, proteção e liberdade. O rosto vermelho da cantora representa uma carranca, guia espiritual que conduz através do caos.
A estética afrossurrealista, a cultura ballroom e a arte drag também atravessam sua criação. Para Isaac, não há futuro sem arte preta e queer. Seu trabalho questiona estruturas, desafia normas e propõe, com coragem, novas formas de existir.