“Sem a internacionalização, a Granado não estaria em tanto destaque na perfumaria”
Diretora da Granado, Sissi Freeman fala ao FFW do ótimo momento da marca.
“Sem a internacionalização, a Granado não estaria em tanto destaque na perfumaria”
Diretora da Granado, Sissi Freeman fala ao FFW do ótimo momento da marca.
Se, durante uma viagem, você encontrar um perfume Granado em lojas como a Harvey Nichols de Nova York ou a tradicional Fortnum & Mason, em Londres, perceberá que as fragrâncias da marca brasileira ganharam um status que, no Brasil, geralmente a gente dá a perfumes importados. Com um processo de internacionalização que começou há mais de uma década com o pé direito – a partir de um convite da chique loja de departamentos de Paris Le Bon Marché para vender seus produtos lá –, a marca carioca centenária, ex-farmácia oficial da família imperial brasileira, hoje vende fragrâncias que concorrem com nomes desejo da perfumaria nichada como a francesa Dipytique, a inglesa Penhaligon’s, ou a também britânica Jo Malone. “É como se fosse um perfume de nicho ‘de entrada’”, relativiza Sissi Freeman, diretora de marketing e vendas da Granado, em entrevista ao FFW. Ela diz “nicho de entrada” considerando que, no mercado de perfumes nichados raros de marcas minúsculas, os preços chegam fácil aos 400 euros (cerca de R$ 2.600). Os da Granado, lá fora, custam cerca de 140 euros – um pouco menos do que um Dipytique e na mesma média de um Jo Malone.
O processo de internacionalização da empresa, que anda a todo vapor, foi possível, segundo Sissi, graças a medidas tomadas desde que a empresa foi comprada por seu pai, Christopher Freeman, em 1994. “É preciso ter a paciência do resultado a longo prazo. Já começou lá atrás quando, em 1998, ele traçou uma estratégia e disse: ‘é mais caro, mas vou abolir todos os ingredientes de base animal dos sabonetes’”, conta a diretora, que também destaca a aquisição de maquinário e de fábrica própria, que produz a maior parte dos cosméticos da Granado, como pontos importantes para a adaptação às regras do mercado internacional. “Os órgãos regulamentadores de cosméticos na Europa são muito mais rigorosos do que a Anvisa daqui. Isso ajudou a gente a cada vez melhorar ainda mais a qualidade do nosso produto”, acredita.
Foco das vendas no mercado estrangeiro, a perfumaria da marca – que só trabalhava com colônias até 2015, quando lançou seu primeiro eau de toilette, o Carioca, inicialmente vendido com exclusividade no Le Bon Marché – ganhou força total, com rebranding e fórmulas sofisticadas, depois da Covid-19. “Na pandemia, a gente viu que mais de 70% das vendas eram de perfume. Então repaginamos e criamos esse conceito novo de perfumaria”. Fora do Brasil, a empresa ainda contou com a ajuda do grupo espanhol PUIG, poderoso na perfumaria mundial, que detém 35% da sociedade da Granado.
O investimento na internacionalização focada na linha premium de fragrâncias resultou, até agora, em quatro lojas próprias em Paris, Londres, Portugal e Nova York, e pontos de venda estratégicos na Europa e Estados Unidos, como a recém-inaugurada pop-up store na loja de departamentos parisiense Samaritaine. “A gente vai continuar crescendo nesses mercados, se consolidando e investindo cada vez mais em lojas próprias”, conta Sissi, que pretende abrir dois novos endereços em território internacional ainda este ano. “Queremos levar para fora o Brasil que não é caricato. E queremos que o brasileiro chegue na loja, tire foto e fique orgulhoso com a nossa qualidade.”
Embora a Granado seja uma empresa consolidada no mercado brasileiro, com 100 lojas próprias em todo o país, Sissi acredita que o atual prestígio das fragrâncias é garantido, em boa parte, graças à influência externa. “Sem a internacionalização, acho que a gente não estaria em tanto destaque com a perfumaria. Porque acho que o brasileiro ainda associa muito a perfumaria a marcas internacionais.” Para ela, as altas taxações a perfumes e cosméticos importados que se manteve por muito tempo no país (e de certa forma, ainda perdura) dificulta o acesso aos produtos, que chegam com preços muito altos, gerando uma falsa sensação de que, por serem raros e caros, são melhores.
Na matemática de quem influencia mais, há, porém, um fator importante a ser adicionado, que contribui para o sucesso das fragrâncias da Granado no Brasil: o das redes sociais. No Tik Tok, um vídeo que viralizou ao comparar o perfume Époque Tropical a uma fragrância da Jo Malone transformou o produto da Granado num verdadeiro hit de vendas, fenômeno que Sissi espera ver se repetir em breve, agora com a Phebo e, em seguida com a Care Natural Beauty. “No Rio, já abrimos uma flagship da Phebo. É um projeto lindo que a gente fez com a (arquiteta) Gigi Barreto, da Casa Vida Cenário. Totalmente diferente da Granado. Vamos começar a reformar todas as lojas Phebo para elas terem esse novo look.”