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    Irmãs de Pau apresentam sua Gambiarra Chic

    Com parcerias de peso e direção própria, a dupla faz música sem concessões.

    Irmãs de Pau

    Irmãs de Pau apresentam sua Gambiarra Chic

    Com parcerias de peso e direção própria, a dupla faz música sem concessões.

    POR Guilherme Rocha

    As Irmãs de Pau lançam o álbum Gambiarra Chic Part.2, em que fazem um mergulho em experiências reais de glamour e perrengue que vivenciam no dia a dia da carreira e da vida. O disco conta com direção artística do coletivo Puritana, styling da multiartista Mia Badgyal e feats de peso como Duquesa, Ebony e Ventura Profana.

    QUEM SÃO AS IRMÃS DE PAU?

    Travestis, periféricas e inventivas, as Irmãs de Pau, dupla formada por ISMA e Vita Pereira, nasceu a partir de uma amizade construída em meio à militância estudantil — quando ambas participaram das ocupações secundaristas em São Paulo e fundaram o coletivo LGBTQIAPN+ “Atrake”. A partir dessa vivência política e afetiva, o que começou como aliança virou irmandade, e mais tarde, se transformou em arte. Desde então, vêm desafiando padrões com letras afiadas, sonoridades que misturam funk, eletrônico, drill, dancehall e referências pretas, com uma presença de palco que combina performance, moda, voguing e crítica social.

    UMA MÚSICA PARA COMEÇAR: “Shambaralai”

    A faixa serve para definir a dupla: atitude, irreverência, batidas fortes e um recado direto. Com referências do funk e da música eletrônica, “Shambaralai” é envolvente. Uma faixa que fala de liberdade, da noite, e de corpos que desafiam o que é imposto.

    ÁLBUM PARA CONHECER: “GAMBIARRA CHIC PT.2”

    As faixas do álbum surgem de experiências pessoais como o corre para manter uma agenda cheia, os perrengues com transfobia, os palcos internacionais, tudo isso sem o suporte de grandes marcas. A gambiarra, aqui, é elevada à estética. Entre os destaques do álbum, vale ouvir de primeira “Passaporte é um Copão”, que condensa a vibe do projeto: um luxo atravessado por esforço e resistência. O projeto ainda ganha força com colaborações, como em “Queimando Ice”, com a rapper Duquesa; “Baile no Rxota”, que reúne a potência de Ebony; e o poderoso “Medley do Novo Mundo”, uma parceria com Ventura Profana.

    O que motivou vocês a criar este novo álbum? Como foi o processo criativo — desde a composição até as gravações? Teve alguma experiência pessoal que marcou especialmente esse trabalho?

    ISMA: Nossa experiência de vida e de carreira é uma verdadeira gambiarra chique, a nossa própria vivência e o que inspirou as letras e os beats. Vivemos uma vida de glamour com uma agenda de mais de 80 shows por ano. Fomos para a Europa, colocamos silicone, estamos em grandes festivais e acumulamos milhares de streams nas plataformas, com grandes feats, isso tudo é chique, porém só nós sabemos a gambiarra por trás para fazer tudo isso acontecer. Ainda sofremos transfobia na rua, no aeroporto, na vida … ainda aceitamos cachês baixos para conseguir bancar o projeto… não temos o apoio de grandes marcas, não fazemos publis, etc. Gambiarra Chic é saber fazer com excelência mesmo não tendo as ferramentas ideais, e mesmo assim se orgulhar e agradecer por cada conquista.

    VITA: Tínhamos muitas coisas para falar. Durante esses quatro anos de carreira, vivemos coisas incríveis. Viajamos pelo Brasil e pelo mundo, conhecemos e trocamos diversas culturas. Acredito que nosso dia a dia e as pessoas que nos cercam foram a principal força motriz para nascer Gambiarra Chic. Acessamos diversos espaços de poder e a todo momento recebíamos olhares e comentários que nossa corporeidade e nossa presença não era bem-vinda. Queríamos falar sobretudo dessa questão, somos “chics” porque não vivemos mais sob a ótica da precariedade, mas somos “gambiarras” também, porque precisamos dar o “ekê” (um jeito) para permanecermos no game, e vivas! 

    O CONCEITO VISUAL

    O visual da dupla é uma extensão direta de suas vivências, corpos e trajetórias. Mais do que estética, é política. As imagens que acompanham o álbum, criadas em colaboração com artistas como o coletivo Puritana traduzem o choque entre a precariedade forçada e o luxo conquistado, entre o improviso e a sofisticação, que moldam a identidade do duo. O cenário do aeroporto, usado como pano de fundo, sintetiza essa transição constante: deslocamento, fronteiras, acessos negados e conquistas arrancadas à força. As laces, os looks exuberantes e a maquiagem detalhada reverenciam as travestis que vieram antes delas, criadoras de técnicas e estilos que hoje se manifestam como símbolos de resistência estética e cultural.

    Como foi pensar na parte visual do álbum — da capa ao conceito estético do lançamento? O que os fãs podem esperar dos clipes e das apresentações ao vivo?

    VITA: Tudo foi pensado coletivamente. Gostamos de dar pitaco em tudo. Trabalhamos também na direção do projeto, composição, criação, etc. Os meninos do coletivo Puritana foram essenciais para a produção dessas imagens que chocaram a internet e também contribuíram demais para materializar a nossa pesquisa. O show vem muito desse universo. 

    O coletivo Puritana.Co, formado por Gabe Lima e Gustavo Vieira, responsáveis pela direção criativa e executiva do projeto, colaboraram:  

    “A imagética constrói crítica e narrativas afirmativas a presença de corpos marginalizados em lugares tradicionalmente elitizados. Exploramos signos que nos ajudaram a imprimir a essência das meninas em cada detalhe: as estampas que foram escolhidas para o look, os itens expostos na mala, a escolha dos cabelos que dialogam com a estética e a grande complexidade do universos de misses com mulheres travestis e assim por diante. Desenvolver essa narrativa foi extremamente enriquecedor e prazeroso para todos os envolvidos e sentimos que tudo que foi construído fala um pouco de todos nós, de onde viemos, quem somos e o que projetamos para nós.”

    A multiartista, Mia Badgyal, responsável pelo styling do projeto colaborou:

    “A comunidade trans periférica sempre consumiu o funk, vim da Zona Leste de SP e vivo isso, mas quando recebi o desafio de reimaginar como essa estética poderia ser representada com as Irmãs, estávamos falando sobre criar uma nova perspectiva que não fosse só algo da moda do momento e sim atemporal. Minhas principais referências foram os visuais usados no funk ostentação e na estética brasileira mais conhecida como “periguete” com refs dos anos 2000/2010; na comunidade do funk nós entendemos o peso que era estar usando um peça da Ed Hardy com muito brilho, o peso que era portar jóias e como isso representava o poder, as estampas e animal print que ainda são muito presentes na moda latina e periférica também estiveram presente no moodboard desde o início pois representam muito a feminilidade brasileira e latina. 

    Qual foi a reação do público ao novo álbum? Que caminhos musicais ainda gostariam de explorar?

    VITA: Temos os melhores fãs do mundo. Sou extremamente grata pela dedicação de todos. Em dois dias de lançamento batemos mais de 1M de streams nas plataformas digitais. Isso é resultado de um trabalho incansável. Isso é um resultado do amor e tesão que nossos fãs têm com a gente. Desejo viajar o Brasil e o mundo pregando a palavra da putaria. Desejo continuar confundido, causando e destruindo espaços e estruturas coloniais por onde essa turnê passa. 

    Direção Criativa: @gabe_____lima e @gustvovieira
    Direção Executiva: @puritana.co
    Fotografia: @wall404
    Assistente de Foto: @ressumbrar
    Produção Executiva: @luav.sou @upvini @charlesgiacon
    Produção geral: @upvini @charlesgiacon
    Assistente de Produção: @blucky.com.br @_sandmelo
    Beleza: @Edu333
    Assistente de beleza: @actedboy
    Hair: @shady_jordan
    Styling: @miabadgyal
    Produção de figurino: @brabo.br @wessimplicio
    Looks: @nilmesz @usejoias___ @itfensy @wessimplicio @trapo.br
    Set Design: @roberthaugsto
    Casting: @eumarlonlopes @markjunior
    Backstage e Mini DV: @papodipokas
    Polaroids/Cybershots: @gustvovieira
    Gráficos: @puritana.co

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