F1ER6E retrata mulheres afroamazônicas em “Oiaras”
Projeto é resultado da quarta residência da Fenda, do fotógrafo Hick Duarte
F1ER6E retrata mulheres afroamazônicas em “Oiaras”
Projeto é resultado da quarta residência da Fenda, do fotógrafo Hick Duarte
Era sexta-feira, véspera das eleições mais importantes para o Brasil (e por que não para o mundo) desde a redemocratização, quando entrevistei a multiartistia F1ER6E, nome artistico da amazônica Marcely Gomes. Marcely estava no quintal de sua casa, Ilha de Caratateua, cercada de natureza, um lugar de encantarias onde ela fotografou sua mãe Janete Teixeira para seu projeto Oiaras, parte da quarta residência artística da Fenda, projeto de fomento à criatividade do fotógrafo Hick Duarte. “Foi legal receber esse convite porque é muito raro alguém vir me procurar. Nós mulheres, periféricas, pretas, moradoras de uma ilha somos super discriminadas e eu quis enaltecer meu lugar e as pessoas daqui”, diz ela.
“Conheci a Fierce durante uma viagem a trabalho para Belém em 2021. Desde fui acompanhando de perto o seu trabalho pelo Instagram, sempre muito curioso pela sua investigação e pesquisa em torno de um imaginário visual da Amazônia. A forma como ela visualiza a terra que nasceu e as pessoas que lhe cercam, particularmente os seus interesses estéticos e a forma como ela os desdobra e os retroalimenta, uma atuação criativa local muito interessante e autêntica”nos contou Hick sobre a escolha de Marcely para ser a quarta residente do seu projeto.
Diferente dos artistas residents anteriores, Marcely escolheu realizar seu projeto não em São Paulo, mas nas ilhas da região onde nasceu
“Primeiro eu olho pra cá onde estou, e depois eu olho para o que tá rolando fora, eu olho pro meu quintal, pro meu bairro, pra ilha que eu vivo, Belém, e vou expandindo isso. A Amazônia é meu país Amazônia. A Amazonia tem muita tecnologia, o que a Labo faz é tecnologia. A gente vive num lugar muito rico, muito inspirador”.
Fierce esteve acompanhada de Labo Young e do fotógrafo e pesquisador Éden Maués nessa jornada por três ilhas onde documentou a identidade e sua visão sobre a mulher afroamazônida. “Oiaras” documenta três mulheres, de três ilhas diferentes. Abaixo, Marcely nos conta um pouco de cada uma delas e das imagens que criou.

“A Preta eu não conhecia, ficamos na casa dela, foi um processo muito delicado. Ela é esposa de um pescador, tem 3 filhos, ela tira andiroba, elas planta no quilombo. O edny que nos apresentou, ela tem um pulso, ela é a mulher da familia.”

“Janete Teixeira é minha mãe, uma mulher que me inspira todo dia, ela é formada em gestão ambiental, ela tem uma conexão forte com o mato com o meio ambiente. Fotografei ela aqui no quintal de casa. Ela é um encantamento que gente tem aqui no nosso quintal, onde cuida das plantas.”

“A Dyenne é de Mosqueiro, próxima daqui da minha ilha. Eu já conhecia a Dyenne e ela já fez trabalhos com o Labo. Uma mulher maravilhosa, ela é muito artista, ela é dançarina de quadrilha, ela tem muito potencial, é uma mulher linda. Labo trouxe uma roupa na Dyenne que tinham um rabo de pipa, em referência as crianças todas da ilha.”
Descubra Oiaras no site oficial do projeto aqui.
Ficha técnica
Direção: Marcely Gomes (FIERCE)
Fotógrafo e redator: Éden Maués
Stylist: Labo Young
Designer gráfico: Jean Petra
Convidadas/modelos:
Jocilene Seabra (Preta) ,Ilha de Santana – Marajó
Diene Moreira, Ilha de Mosqueiro
Janete Teixeira, Ilha de Caratateua