Copenhagen não mostra o futuro. Mas talvez nos ajude a entender o presente.
Como a semana de moda se tornou a mais hypada do momento.
Copenhagen não mostra o futuro. Mas talvez nos ajude a entender o presente.
Como a semana de moda se tornou a mais hypada do momento.
Por Vinicius Alencar
Quando falamos da capital da Dinamarca, o que pode vir à cabeça seja talvez algum décor de apartamento escandinavo minimalista, alguém pedalando com naturalidade ou os canais emoldurados por casas coloridas ou modernistas. Agora, se eu disser “Copenhagen Fashion Week”, a imagem mais fresca que provavelmente vai surgir é a da rua — e não da passarela.
Calma: isso não é exatamente uma crítica. Mas sim um ponto de partida necessário para tentar entender o que tornou essa a semana de moda a mais hypada do momento.
Pra situar: a CPHFW, como conhecemos hoje, nasceu em 2006 a partir da união de duas feiras têxteis — a Dansk Modeuge e a Dansk Herremodeuge. O boom, no entanto, só veio mais de uma década depois. Com Ganni e Cecilie Bahnsen como os hot tickets e a sustentabilidade como moto e pilar quase transgressor, especialmente se comparado ao velho circuito NY-Londres-Milão-Paris, o evento ganhou a atenção global.
Mas o que realmente catapultou Copenhagen para o radar internacional — especialmente no pós-pandemia — foi algo além do compromisso socioambiental (urgente, sim, mas muitas vezes simbólico): a cidade virou uma vitrine perfeita para criadores de conteúdo. A liberdade criativa, somada à alta visibilidade, fez da CPHFW um lugar onde se é visto. E, sejamos honestos, até mesmo entre insiders da moda, é difícil listar — sem muito esforço — as marcas que desfilam ali.
As imagens virais, os stylings interessantes e os looks que queremos salvar como inspirações de estilo vêm mais da rua do que do que da passarela. E talvez aí esteja o maior mérito: a fashion week dinamarquesa se tornou um cartão-postal vivo da cidade, com produções displicentemente pensadas (também não vamos nos enganar) em meio a galpões industriais, bicicletas em movimento e um cenário que parece sempre pronto para o clique, especialmente no verão.
Copenhagen não é, ao contrário do que se repete por aí, o lugar para vermos o futuro da moda. Mas é onde conseguimos entender o presente. Todas as semanas de moda tentam, cada uma a seu modo, responder seu propósito e sentido no agora. Por ser a caçula, Copenhagen deixa essa tentativa mais evidente — e, por isso mesmo, tão interessante de observar.
Essa discussão não se limita à Dinamarca. Ela se aplica também ao papel que uma fashion week — seja em São Paulo, na Colômbia ou no Japão — deve assumir em 2025.
Entre os desfiles, alguns destaques: a masculina Ranra, The Garment, Baum und Pferdgarten, Rolf Ekroth, Rave Review e, claro, Cecilie Bahnsen, que voltou à sua terra natal para comemorar 10 anos de marca.