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    Argalji entre o Drama e a Escultura

    Volumes que redesenham a silhueta, desafiam a gravidade e conectam passado e futuro com o presente são a base da marca brasileira de Monique Argalji.

    Argalji entre o Drama e a Escultura

    Volumes que redesenham a silhueta, desafiam a gravidade e conectam passado e futuro com o presente são a base da marca brasileira de Monique Argalji.

    POR Vinicius Alencar

    Monique Argalji é formada pela Parsons e pela Central Saint Martins, a estilista carioca radicada em São Paulo mergulhou fundo na criação autoral a partir da lapidação da técnica — desconstruindo e reconstruindo peças com as próprias mãos, entre espuma dublada, moulage e intuição.

    Foi assim que nasceu a Argalji, marca que valoriza o processo tanto quanto o resultado, e que atrai mulheres curiosas, que buscam vestir ideias antes de tendências. Com coleções feitas no próprio ritmo, best-sellers estruturados como esculturas e uma paixão declarada pela costura, Argalji é sobre criar com propósito, desafiar formas e dar longevidade ao que se veste.

     

    Me conta de você? Sua idade, qual sua formação, de onde é, onde mora  agora…

    Tenho 42 anos, nasci no Rio de Janeiro e moro em SP há quatro anos.

     

    Quando e como surgiu a ideia de lançar a Argalji?

    Para explicar a origem da Argalji, preciso voltar 20 anos. Em 2006, iniciei uma marca com minha irmã, inspirada por roupas de brechó. Foi nesse período que descobri minha paixão pela modelagem. Tive a sorte de aprender com a modelista Marlene, que se tornou minha mentora. Desde então, mergulhei em cursos e workshops, incluindo um com o mestre Shingo Sato em Pomerode (Santa Catarina), que me inspirou ainda mais meu interesse em me aprofundar nos estudos. Passei a me dedicar intensamente, praticando de forma constante. Montando, desmontando, remontando, costurando, errando, consertando, aperfeiçoando. 

    Com o tempo sentia que precisava de uma experiência acadêmica, em 2010, fui para Nova York estudar modelagem na Parsons. Onde aprendi novas ferramentas, e me impulsionou minha jornada. Após isso, deixei oficialmente a marca que havia começado e iniciei um novo ciclo mais focado em criações autorais, colaborações e peças para o Carnaval, um período de muita experimentação e amadurecimento.

    Em 2015, apliquei para um programa de pós-graduação em Modelagem Inovadora da Central Saint Martins, em Londres. Ao retornar ao Brasil, senti que estava pronta para criar uma marca que unisse toda a minha trajetória e conhecimento acumulado ao longo dos anos. Assim nasceu a Argalji, com uma voz que valoriza a criatividade, e a execução. 

     

    Como define a Argalji e o perfil das suas clientes atualmente?

    Argalji valoriza a arte de construir roupas. A marca nasceu da paixão que tenho por modelagem, que hoje é o coração da marca.  A importância da mão na massa e seu papel para impulsionar criatividade. Aprofundando no processo de forma experimental do desenvolvimento. Onde a ideia e a execução andam lado a lado. Acredito que as pessoas interessadas na marca são aquelas que buscam compreender o que está além da peça pronta. Elas são curiosas sobre o processo criativo e desejam transparência sobre quem e como as roupas são feitas. São mulheres que querem vestir peças que contam uma história, que se identificam com a dedicação envolvida no processo, no valor do artesanal, qualidade, inovação. 

     

    Como se dá o seu processo criativo? Trabalham de acordo com o calendário? Ou de outra forma… Tem parte sob medida e outra a pronta entrega, me explica? 

    Desde cedo, quando comecei a estudar modelagem, sabia que precisaria aprender todo o processo para seguir como uma marca independente. Como modelista e costureira participo de todas as etapas de desenvolvimento. Aprendi a abraçar os desafios e a trabalhar com os materiais disponíveis, sempre buscando fazer o melhor com o que tenho. Venho treinando minha percepção para criar algo interessante mesmo com uma estrutura pequena.

    Meu processo criativo surge da experimentação na modelagem; vou me inspirando à medida que vou criando. Muitas vezes, ao executar uma peça, ela se transforma em algo completamente diferente e surpreendente. Amo os caminhos que vão abrindo quando estou com a mão na massa, gosto de seguir o que o tecido diz e minha intuição. A modelagem expande a criatividade, e isso é maravilhoso. Faço uma coleção autoral por ano, a criação tem o seu próprio tempo. Mergulho na experimentação, manipulando modelagens, através de moulage, desconstruindo e reconstruindo peças, fazendo testes com mistura de tecidos, reaproveitando material.

    Não acredito que as peças se tornem obsoletas após seis meses, e não sigo o conceito da indústria de lançar várias coleções. Para mim, isso não é necessário nem sustentável. O importante é considerar quando estiver desenvolvendo, em criar uma peça que seja relevante, que passe de geração em geração. Adoro quando clientes encomendam peças de coleções anteriores. Também crio coleções cápsulas, colaborações e amo fazer peças para o Carnaval. Trabalho também com sob medida, e desenvolvimento exclusivo.

    Tem alguma peça que acredite ser um best seller ou que resuma exatamente o que a marca representa?

    Para a coleção 2023 “Emenda” desenvolvi o vestido ‘Anquinha’. Essa peça tem uma saia volumosa e franzida, feita em lycra, que ganha estrutura através de camadas internas de espuma nas laterais. Acentuado na região dos quadris, remetendo às antigas anquinhas, porém mais contemporâneas, e experimental. Uma peça que trouxe visibilidade, e recebo encomendas até hoje. 

    Para a coleção 2024 “As Silhuetas” desenvolvi o vestido “Silhueta”, uma continuidade dos experimentos que venho desenvolvendo na coleção anterior.  Dessa vez, com a espuma dublada usada para fazer bojo de sutiã. É um material que trabalhamos há bastante tempo. Gosto de criar peças com volumes estruturados, então venho explorando cada vez mais as possibilidades desse material. Nessa peça, me aprofundei ainda mais na construção das silhuetas a partir de volumes acentuados no quadril. Se tornou uma peça marcante para a marca. 

    Essas peças representam bem a essência da Argalji, a experimentação, o uso inusitado de materiais, a modelagem como ponto de partida e o desejo de criar algo que vá além da roupa em si, que conte uma história.

    Quais os próximos passos? Ou quer permanecer um pouco como está?

    O trabalho que está sendo realizado na Argalji está impulsionando a empresa adiante. Estou avançando de forma orgânica, buscando crescer sem comprometer a criação, a experimentação e a autenticidade da marca.  Adoraria participar de projetos e colaborações que traduzam o que faço na Argalji para um público maior. Abrir uma loja própria com a nossa identidade também seria um próximo passo. Tenho grande interesse em parcerias com escolas e instituições de moda, promovendo aulas, workshops e visitas ao ateliê. Quero incentivar as novas gerações sobre o valor da costura, modelagem e do processo criativo, contribuindo de forma positiva para a indústria da moda.

     

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