Alberto Roque, fundador da Droper

“A moda pode mudar, mas o tênis e a galera que se conectou a esse lifestyle permanecerá”

Fundador da plataforma de revenda de sneakers Droper, que acaba de abrir a primeira loja física, conversa com o FFW

 

“A moda pode mudar, mas o tênis e a galera que se conectou a esse lifestyle permanecerá”

Fundador da plataforma de revenda de sneakers Droper, que acaba de abrir a primeira loja física, conversa com o FFW

 

POR Augusto Mariotti

Foi ainda durante o curso de Análise de Desenvolvimento de Sistemas, na Fatec, que Alberto Roque, 27, percebeu que havia uma oportunidade no mercado brasileiro para um serviço que conectasse os interessados em comprar e vender sneaker e streetwear. Ligado que esse movimento em torno do resale de tênis ganhava uma proporção gigante lá fora, ele então desenvolveu seu próprio aplicativo. Em 2020, enquanto o mercado de revenda de sneakers movimentava US$ 6 bilhões de dólares globalmente, nascia por aqui a Droper.

A plataforma surgiu com o propósito de ser um espaço digital para compra e venda de itens usados e novos, tanto de sneakers, quanto de streetwear e skate. “Quando eu tava terminando a faculdade eu tive a ideia de fazer a plataforma, porque as pessoas procuravam itens que não tinham aqui no mercado. Daí eu pensei nessa plataforma para o pessoal do skate, da moda urbana se conectar e encontrar os produtos que elas queriam comprar e vender tênis, roupas, skate, bonés. Eu mesmo montei o aplicativo, com a orientação dos meus professores.” conta Alberto.Rapidamente a Droper se tornou conhecida entre a comunidade sneakerhead, principalmente por trazer itens escassos e altamente desejados, funcionando como uma bolsa de valores, onde os vendedores e compradores podem acompanhar o preço e a valorização dos modelos em tempo real.

Em pouco tempo a plataforma atingiu mais de 350 mil seguidores no Instagram, 10 mil vendedores brasileiros, formou uma base ativa de mais 130 mil cadastros, chegando a faturar mensal de 8 milhões e agora tem entre seus sócios o DJ Alok.

Como parte do plano de crescimento do negócio, eles acabam de abrir a Droper Concept Store, localizada no Shopping Cidade Jardim, ao lado de lojas de luxo como Louis Vuitton e Prada. O espaço de 100m2 servirá para que novos clientes – entre compradores e vendedores – conheçam a plataforma e possam ter uma experiência física com o serviço e contato com um acervo de sneakers exclusivos.

Conversamos com Alberto, sócio fundador e Alexandre Félix, responsável por comunicação e estratégia da Droper sobre o mercado de revenda de sneakers no Brasil, a estratégia por trás do negócio e os desafios futuros de um mercado que tem como estimativa atingir US$ 30 bilhões em vendas até 2030, segundo a empresa de investimentos Cowen. Leia os trechos da conversa abaixo:

Alberto como você definiria o cenário brasileiro de resale hoje? Em que estágio nos encontramos?

Hoje o mercado é dominado pelo público jovem, abaixo dos 26 anos e que está procurando uma renda extra, uma molecada com uma veia empresarial, compram o tênis e fazem o holding (seguram o tênis para valorizar) e depois vendem um tênis R$ 1 mil por R$ 3 mil. 

A Droper tem mais de 10 mil vendedores brasileiros, uma base ativa de mais 130 mil cadastros, fatura R$ 8 milhões por mês, com um ticket médio de R$ 1.200. Ainda somos de nicho e podemos crescer mais, pois estamos aos poucos sendo conhecidos por um público novo para além do streetwear, que é o fashionista e entusiasta de moda. 

Você abriu a Droper durante a pandemia e em menos de 2 anos a marca atingiu mais de 350 mil seguidores no Instagram. Como isso se deu? 

A gente começou a faturar bastante em outubro de 2019, faturando R$ 200 mil, R$ 300 mil até chegar a R$ 1 milhão. Em março de 2020 entraram novos sócios, entre eles o Alok e isso deu uma credibilidade e visibilidade imensa. Em 2020 passaram mais de 2,5 milhões de usuários  pela platforma e saltamos de 60 mil seguidores para 300 mil no Instagram.

Como funciona a Droper: vocês buscam sneakerheads pelo Brasil que tem tênis raros e compram? Ou os compradores entram em contato para disponibilizar o que eles tem? 

Temos 3 vertentes: o marketplace (C2C) é o core, temos os produtos próprios da marca Droper e agora a loja com estoque próprio, com muitos produtos raros para alimentar o ecossistema. A Droper é pioneira, hoje você pode até ver um tênis que ainda não chegou ao mercado em 3D na plataforma.

O tênis tem se mostrado um grande investimentos, melhor até que os investimentos tradicionais. Por que você acredita que eles são tão valorizados e desejados assim? 

Demanda! É algo mais capitalista que cultural. A demanda vem da cultura por algo exclusivo, pela escassez. Hoje investidores, banqueiros estão também interessados nesse negócio. Nos ultimos sete, oito anos começou uma cultura de normalizar o sneaker, o athleisure, o Brasil começou a receber mais os lançamentos especiais, ter eventos e a produção de conteúdos como o documentário do Jordan impulsionaram também isso, como por exemplo as vendas do Nike Jordan 1. A moda pode mudar, mas o tênis e a galera que se conectou a esse lifestyle permanecerá. 

Muitos negócios estão fazendo o caminho do varejo físico para o online. Vocês fizeram o contrário. Por que abrir uma loja fisica? 

A loja foi uma ideia do Alexandre e do Alok. Porque eles acham que as pessoas estão cansadas de ver anúncios na internet, devido a quantidade de conteúdo está dificil crescer no Instagram. Então acreditamos que um ponto físico num lugar como o Cidade Jardim, que é um lugar exclusivo e tem um público que valoriza isso, é onde a gente devia abrir, ao lado de marcas como a Louis Vuitton, Dior, Gucci, que são renomadas e é onde queremos estar. Acreditamos que com a loja fisica podemos crescer o nosso público. Lá pensamos em tudo, da arquitetura, aos produtos expostos, aos vendedores. Na loja você pode conhecer os produtos, provar os tênis. Podemos importar a cultura de rua para dentro desse espaço. loja-droper-sneaker-2022-ffw-01

Segundo uma matéria recente do site BoF, os preços de revenda dos sneakers vem sofrendo quedas lá fora. E no Brasil como está esse cenário agora?

Desde 2019, os preços dos tênis praticados pela Nike, por exemplo, subiram bastante por uma serie de fatores ligados à pandemia. Com o preço mais caro, a demanda diminuiu. E eles também querem diminuir o mercado de resale, porque esse mercado leva a marca para ambientes informais que eles não tem controle. Os lançamentos diminuiram, os preços subiram muito e isso impactou o mercado de resale. Essa queda era prevista, mas o mercado continua forte.

Li no release e no Instagram que vocês tem um processo de verificação dos tênis para garantir autenticidade. Como é esse processo e quem faz isso? 

Isso é um dos principais problemas desse mercado e a gente resolveu isso da seguinte forma: no processo físico o comprador nos manda o tênis, todo tênis tem uma hashcode interna que tem que bater com  hashcode da caixa, o material, o corte, o padrão de impressão são analisados por 3 pessoas experientes no mercado. No digital analisamos fotos. E o comprador tem a segurança de só pagar quando receber. Temos também uma área de inteligência que está nos fóruns do Reddit acompanhando o que está rolando no mercado de falsificação.

E quais são as marcas quentes por aqui?

A Rider está lançando varios produtos interessantes, estão inovando bastante, a OUS que fez uma collab com o game Street Fighter, a New Balance está vindo forte com collabs apesar de terem trazido modelos muito caros, a Asics tem trazido collabs importantes com preços interessantes, a Sufgang (vestuário), a PIET, a Pace, a Havaianas com a Bape que esgotou, a Louis Vuitton tá acionando muito gatilho na galera. 

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