SÃO PAULO, 14 de junho de 2010 Por Luigi Torre (@luigi_torre)
Há duas temporadas Glória Coelho apresentou uma coleção tão excepcional que desde então vem a repetindo sob diferentes temas. A viagem espacial que deu origem àquele verão 2010 se desdobrou em física quântica no inverno 2010, e agora aprece sob a forma de sistemas – biológicos, matemáticos, físicos, mecânicos e tudo mais que se repita de forma ordenada e, desculpem a redundância, sistemática. Só isso já dá conta de explicar as repetições que alongam o desfile para uma aparente infinidade arrastada. As famosas tiras de tecidos que apareceram estruturadas lá na primeira parte desta trilogia agora ficam suavizadas, em tecidos levemente transparentes em calças feitas das sobreposições destas. Na parte de cima, coletes vazados em tons neutros ou com transparências, vão se repetindo e modificando aos poucos até virarem vestido à la Space Age. Num segundo momento, as tiras se encurtam (com pequenas dobras) gerando volumes delicados em vestidos com leves volumes nas costas que conjugam bem essa atual vontade futurista/tecnológica de Glória, com aquelas referências Eduardianas de tempos atrás. Não se questiona a beleza dos modelos, muito menos a técnica e apuradíssma exploração têxtil que a estilista emprega em cada nova coleção. O modo como Glória mistura tecidos de pesos e brilhos diferentes, como estrutura e cria volumes ora rígidos ora soltos, é primoroso e cada vez mais preciso. Porém, moda também é imagem, e esta, ao fim do desfile, careceu de uma aparência nova.Depois que decolou nessa viagem espacial, é como se Glória tivesse se encantado pelos cosmos e astros e não quisesse mais voltar para Terra.
Direção e produção: Paulo Borges e Graça Borges Direção de passarela: Augusto Mariotti Direção artística: Glória Coelho Styling: Equipe Gloria Coelho e Priscilla Pizzato Assistente de estilo: Regina Zanardi Trilha sonora: Max Blum Make up: Nadine Luke Hair: Wanderley Nunes/ Ricardo Rodrigues