Quando eu disse à Marina Dalgalarrondo que tinha achado seu desfile muito corajoso, ela me respondeu: “nem sei da coragem necessária para fazer isso. Pra mim é tudo necessário”.
Para contextualizar, Marina fez uma coleção chamada Excesso, em que olha para anatomia do corpo humano e sua modificação através da vestimenta. Assim, vimos as modelos entrarem com suas silhuetas modificadas por formas e texturas.
A estilista vai ainda mais fundo em seu exercício de formas e volumes, conquistando com um trabalho incrível com o látex, um resultado tão impactante quanto estranho. Mas esse é o universo da marca ÃO: nada aqui é entregue de mão beijada e certamente muita gente pode simplesmente falar que não gostou, quando na verdade, simplesmente não entendeu, não se deixou mergulhar em seu mundo questionador.
Marina usou um látex plano que parecia vestir xs modelxs com uma camada de água enquanto o outro, chamado de látex liquido moldado, foi usado em construções de moulage, trabalhados direto no corpo das pessoas que desfilaram.
Xs modelxs repetiram a expressão congelada da temporada passada, aquele sorriso forçado no rosto, uma ideia forçada de felicidade. Rosto, cabelo, corpo e rouba foram besuntados com gel, óleo e gloss criando uma imagem muito forte. Muitas vezes as marcas trabalham equilíbrios – se vão fundo na construção, pegam leve na beleza e etc. Mas Marina funciona no modo full. E isso é o mais legal que ela tem para oferecer. (Camila Yahn)





















Foto: Zé Takahashi / Ag. Fotosite




















