Ronaldo Fraga mostrou sua coleção ao ar livre, aproveitando o sol e o calor que surgiu essa semana depois de dias bem frios. Seu desfile foi ali entre MAM e OCA, onde os convidados se sentaram em cadeiras de praia com tecido ilustrado por croquis desenhados por ele. E todos que estivessem passando por ali, também tinham acesso à apresentação.
Vindo de dois desfiles com temas “espinhentos” – os refugiados e transfobia -, ele agora mergulha num universo leve, o da praia. Faz tempo que ele tem vontade se aventurar por ali, mas não achava o tempo ou a oportunidade certa. Até que sua marca foi licenciada por uma grife de beachwear de Santa Catarina, a Silvia Shaeffer. E Ronaldo viu aí o momento para realizar esse desejo antigo.
Mas claro, estamos falando de uma praia do Ronaldo Fraga, não uma praia comum. Ele olha para os anos 20, época pela qual tem especial apreço, justamente quando as pessoas começaram a frequenta-la como local de laser e de convivência comum. Uma memória de 100 anos atrás.
De lá vieram os shapes mais fechados no feminino e os bodysuits masculinos - quase que um início para os long johns. Os biquínis e maiôs tem detalhes lindos de alças cruzadas na frente e nas costas, decotes e recortes bem bonitos sempre em uma combinação de pretom, rosa e cobre.
“Para ir para este lugar hoje, você tem que ir de braços dados com a tecnologia”, Ronaldo pontua. E ele fez esse caminho através de um profissional português, especialista em costura supersônica, tecnologia usada pela primeira vez em um maiô do nadador Michael Phelps nos Jogos Olímpicos de 2008. Não tem agulha nem linha, a costura é feita pela temperatura. Nada de estampas ou bordados: todos os efeitos são criados através desse método e com bom acabamento. A empresa já fez trabalhos para Moschino, Paul Smith e Ted Baker e hoje tem uma filial em Santa Catarina.
Foi uma apresentação leve e, claro, cheia de delicadezas. O casting era diverso e misturou modelos com senhoras e senhores, modelos com pernas biônicas, gordas, barbudos, tatuados... Todos caminhando a bordo de seus novos maiôs, sozinhos ou de braços dados com um par, ao som da banda mineira Já Te Digo, especialista na obra de Pixinguinha. “A ideia é exaltar a praia mais ainda como um espaço diverso e de exibição de corpos no Brasil”. Que venha esse verão! (CY)