O desfile de Giuliana Romano é relevante e consistente. Seu público bem definido comparece aos locais em que a estilista escolhe como cenário de sua coleção, de acordo com o seu mood e lifestyle. Para a coleção de verão 2018, a galeria Nara Roesler foi o ambiente escolhido.
Na coleção, Giuliana trocou sua rígida alfaiataria em tons escuros por construções leves e soltas em tons suaves."Pela primeira vez não usei preto! Foquei em fluidez e leveza. Eu sou do preto, mas estou leve. Por mais que eu seja urbana, moramos no Brasil, tem sol, calor. Queremos leveza", contou Giuliana momentos antes do desfile.
Compuseram a coleção peças como um trench coat sem mangas, vestidos de jacquard de seda com algodão com cavas gigantes nas laterais. Uma linha de peças esvoaçantes em estampa floral em lamé com efeito 80 e fendas, muitas fendas. Profundas e por todos os lados. Giuliana acertou na mistura dos tons lilás com metal em contraste com os tons naturais. Do rústico ao sobrenatural.
Os acessórios de palha, como a maxi bolsa de juta, foram desenvolvidos pelas bordadeiras da ONG Casa do Rio Tupana, que receberá 100% da renda arrecadada com a venda das peças. O trabalho social importante transita junto com jacquards feitos sob medida na França e na Itália para a estilista e obras de arte da galeria. Tudo junto em perfeita sintonia.
Giuliana é uma das estilistas mais bem resolvidas de sua geração. Evolui com identidade e tem uma coleção cada vez mais reconhecível na passarela. Mesmo sem o preto tão marcante em sua carreira, seu DNA já tem voz própria. (JORGE GRIMBERG).