Highlights: Patrícia Viera gosta mesmo é do curtume, onde faz as encomendas do couro, matéria-prima de 100% das peças de suas coleções. "Lá viro uma verdadeira química", contou a estilista, referindo-se às possibilidades de tingimento e de texturas do material, numa conversa com o FFW depois de seu desfile-apresentação, em que ela explicou todo o processo da coleção e comentou look a look do próximo inverno de sua marca.
A paixão pelo processo técnico, do manuseio e corte às possibilidades de tingimento do couro, entre outras tantos conhecimentos adquiridos ao longo de décadas de experiência e pesquisa com o material pode ser notada na animação com que descreve o processo de aplicação dos cristais que fazem um desenho de ponto cruz no vestido que é o seu xodó da coleção. "O ponto cruz é uma técnica que remete à minha infância, me faz lembrar a minha avó", lembra Patrícia, que descreve como foi o processo totalmente manual, depois transformado em série no ateliê de 100 funcionários.
Impressionante, o domínio técnico por si só não bastaria para criar desejo de moda. Mas Patrícia Viera vai muito além disso. Suas roupas de couro são belas, macias ao toque, e nessa estação ganham a referência da simplicidade sofisticada do design escandinavo e da arquitetura do norte-americano Frank Lloyd Wright (criador do museu Guggenheim de Nova York), como explica Felipe Veloso, stylist da coleção e parceiro de trabalho de Patrícia desde 2009. "Eu pensei naquela paisagem nórdica, de Estocolmo, do campo com aquela casinha ao fundo, com essa arquitetura que mistura formas racionais e ambiente orgânico." E foi daí que saiu a coleção de Patrícia Viera, suave, superfeminina, fácil de usar e elaborada no processo de confecção. (CAROLINA VASONE).