Highlights: Houve um tempo em que a Amapô era aplaudida com gritinhos pelos seus colegas de temporada de moda. Uma época em que todos eram mais jovens e acreditavam que dava para crescer junto, um apoiando o trabalho do outro. Dez anos depois, não na primeira versão do Hot Spot (que era uma mini fashion week de jovens estilistas), mas no São Paulo Fashion Week, colegas designers daquele passado, como Dudu Bertholini, não só aplaudiram como dançaram empolgados ao assistir ao desfile comemorativo de uma década da Amapô. Uma prova de que a nova geração da moda brasileira estava certa. E não só na ideia de que a união faz a força, mas de que há espaço para estilistas "de raiz", aqueles que, mais do que roupas, criam moda.
O desfile da Amapô, como tantos outros de sua carreira, era para os que estão interessados mesmo é na criação de moda. A do look que o seu pai vai perguntar com um certo tom de revolta se isso se usa na rua mesmo, sabe? Mas é o tipo de raciocínio criativo que faz a engrenagem fashion girar e que se transforma em novas propostas, depois diluídas, absorvidas e confeccionadas em roupas que não o seu pai, mas a sua amiga que não necessariamente é fashionista mas tem bom gosto vai usar na rua. A própria Amapô faz isso muito bem com as suas calças jeans de cintura alta e outras peças que são verdadeiros sucessos de venda entre mulheres que não querem inventar a roda fashion com o look, apenas ficar mais bonitas com informações interessantes e inteligentes (de preferência) na roupa.
Na passarela do último dia do SPFW o momento não era de mostrar roupa do dia a dia, mas de celebrar as experimentações, o humor e as ousadias criativas ao longo de uma década de marca. O clima foi de festa, a trilha de Michael Jackson e a energia tamanha que a plateia não se conteve em apenas bater o pezinho ao ritmo dos hits: alguns mexiam os ombros, cantarolavam, quase ensaiavam uma dancinha. Os looks faziam releituras de momentos marcantes da grife, como o da coleção que buscou a geometria dos pára-quedas para criar paletós e vestidos triangulares e multifacetados. A matéria-prima de todo este inverno foi o jeans, tecido carro-chefe da grife, usado em patchworks de branco, azul e cinza, em conjuntos de saia e blazer listrados. Os conjuntos, aliás, aparecem em muitas versões, das desgastadas à de calça e blazer amplos cheios de aplicações de pedrarias lembrando mosaicos marroquinos. As mesmas pedrarias bordaram o body de camisa jeans, este da turma das versões prontas para serem vendidas na loja. Para engrossar o apelo popular de quem gosta de absorver informações de muitos universos (Carolina Gold e Pitty Taliani são assim), integrantes da banda Fresno fizeram participação especial como modelos. Nas estampas, ótimos desenhos animais, tanto de cara de bichos (tigres) nos moletons (jeans!) como de prints de oncinha, com destaque para a impagável botinha com focinho de onça. (CAROLINA VASONE)
































Foto: Zé Takahashi / Ag. Fotosite































