Nostalgia e passado são os principais temas do inverno da Huis Clos, que trabalha com uma cartela de cores esmaecida, como se fosse uma fotografia antiga, desbotada pelo tempo, em beges, off-white, cinza, marrom, dourado e um pouco de preto.
A silhueta é alongada, com perfume anos 1920, comprimento pelo joelho ou um pouco abaixo, com as modelos usando turbantes e luvas de tule fininho. Foi um desfile de vestidos, que deixa vontade de ver como seriam outras propostas da marca para looks para o dia a dia (apenas duas calças, dos 29 looks). A Huis Clos faz uma trajetória única no panorama da moda brasileira, mas deve pensar em mostrar também mais possibilidades para sua imagem nesta grande vitrine que é o São Paulo Fashion Week, oferecendo mais possibilidades e desdobramentos para o público.
Ainda que o desfile possa ter parecido de certa forma repetitivo, são peças primorosas nos detalhes e nos materiais, começando com um absurdo laise dos dois primeiros vestidos, e logo na sequência, com a leveza obtida com a estola e os ombros em lindo marabou, e um lindo pied-de-poule em bege. Na pele, outro bom recurso, o tratamento “rasgado”, envelhecido.
A jovem estilista Sara Kawasaki, sob a tutela de Clô Orozco, vem desenvolvendo um vocabulário sofisticado, um interessante approach para o novo luxo, uma feminilidade contemporânea e adulta, onde rimam sutileza e delicadeza.
Por exemplo, na regata de alças fininhas com calsa de casimira, ou no parcimonioso das franjas que ajudam a dar movimento às peças. Continuando no caminho do dourado, megapaetês localizados e o Lurex da hora, bem trabalhado também. No look de Bruna Sotilli, leve alusão ao militarismo, que até poderia ter aparecido mais.
Por sua sensibilidade, a Huis Clos funciona como verdadeiro ponto de fuga no line-up do São Paulo Fashion Week.
Direção de desfile: Roberta Marzolla
Stylist: Hiluz Del Priori e Pedro Salles
Make up: Daniel Hernandez
Hair: Ricardo Rodrigues
Trilha sonora: Max Blum