PARIS, 5 de março de 2010
Por Luigi Torre
"Quando você sonha muito com alguma coisa, acaba virando realidade", disse Pedro Lourenço ao FFW sobre a sua primeira apresentação internacional, que aconteceu nesta sexta-feira (05/02), aqui em Paris.
Com apenas 19 anos, fila A recheada de importantes nomes da moda (Carine Roitfeld, Anna Dello Russo, Hamish Bowles, Jefferson Hack, entre outros), Pedro colocou na passarela um medley das principais vontades da temporada, mas com todo vigor criativo que se espera de um jovem criador.
A inspiração foi um mix de caçadoras usando vestidos e casacos arquitetônicos em homenagem ao gênio Oscar Niemeyer. “Quero falar do Brasil, mas de coisas boas, e não daquela visão colonizada que muitos têm do nosso país”, revelou Pedro ao FFW momentos após o término do desfile. Dessa vontade de inovar brotam os volumes tridimensionais feitos de plástico ou couro endurecido. As tiras horizontais, que lembravam persianas, carregavam um toque militar ao mesmo tempo em que homenageavam o legado do arquiteto brasileiro.
O Modernismo também é traduzido na precisão dos cortes. Com linhas puras e formas simples, seus vestidos nas cores bege, nude, branca e marrom trazem uma abordagem autoral, com aquele toque final futurista que é a cara do estilista.
O mais interessante, além da imensa evolução técnica, é o modo como as referências foram interpretadas. Se antes Pedro era criticado por ter um olhar muito acorrentado às grifes internacionais, agora ele começa a caminhar com as próprias pernas. "Acredito que minhas referências ficaram mais abstratas", confessou após seu desfile. Assim, sua identidade vai ganhando mais consistência.
Uma excelente estreia internacional para Pedro Lourenço, o brasileiro que já nasce para o mundo na posição de enfant terrible da moda.