PARIS, 6 de março de 2010
Por Luigi Torre
É difícil rastrear o motivo de algumas inseguranças que assombram os estilistas aqui em Paris. O clima econômico já não é dos mais instáveis e a moda parece entrar num período de mudanças. Uma fase onde reais inovações podem surgir. Tudo isso pode significar ou um grande desafio para alguns criadores ou uma imensa e assustadora ameaça para outros. Justamente por isso muitos grandes nomes tem preferido se blindar nas tradições do passado. Jean Paul Gaultier, infelizmente, entrou para essa categoria.
Seu Inverno 2010 foi um amplo desdobramento da coleção de altacostura apresentada em janeiro deste ano. Se naquela ocasião ele havia olhado especificamente para o México como inspiração, agora seu olhar abrange outras culturas do mundo todo. Sua alfaiataria carregada de savoir faire vem decorada com motivos étnicos. Bordados típicos de culturas indígenas, tecidos específicos de regiões da Indochina, babushkas, colares africanos, calcas tipo Aladin.
Somente quando as etnias se integram à visão de Gaultier é que a coleção ganha força. Nos demais casos, o uso dos elementos étnicos carrega um ponto de vista excessivamente colonizado.